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Brasília está cercada por áreas com alto índice de infestação de mosquitos

Apesar de ter um índice de infestação considerado normal do Aedes aegypti, principal transmissor de doenças graves, Brasília está cercada por áreas que representam risco, como o Entorno. Para especialistas, é preciso repensar as estratégias de combate

Otávio Augusto
postado em 28/01/2017 07:05

Apesar de ter um índice de infestação considerado normal do Aedes aegypti, principal transmissor de doenças graves, Brasília está cercada por áreas que representam risco, como o Entorno. Para especialistas, é preciso repensar as estratégias de combateNas últimas décadas, os moradores das grandes cidade têm sido surpreendidos com a incidência de doenças transmitidas por mosquitos, sejam urbanos, sejam os que migram de áreas silvestres. São as chamadas arboviroses. O Aedes aegypti é o maior exemplo, sendo a dengue a mais devastadora de todas as enfermidades. A partir de 2015, a chicungunha e a zika também ganharam destaque ; a última sequelou uma geração de crianças, vítimas de microcefalia. Agora, o surto de febre amarela silvestre, que atinge mais de 80 cidades brasileiras, expõe ainda mais a fragilidade nos grandes centros urbanos.

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Na capital federal, apesar dos bons índices de cobertura vacinal, especialistas se preocupam com a falta de investimentos em mecanismos de controle dos insetos e destacam a faixa de risco do Entorno. Lá, dois casos de febre amarela colocaram em alerta a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás. Pelo menos seis doenças apresentam transmissões contínuas nos últimos 10 anos (veja arte). Atualmente, a taxa de infestação do Aedes, o principal vetor, é de 0,95%, segundo a Secretaria de Saúde ; número considerado satisfatório. Algumas regiões administrativas, como Lago Norte, Asa Norte e parte de Recanto das Emas, apresentam estatística superior. Para se ter uma ideia, índices de infestação predial inferiores a 1% são considerados satisfatórios. De 1% a 3,9%, estão em situação de alerta. Em casos acima de 4%, há risco de surto de doenças.

[SAIBAMAIS]Para tentar frear os casos de enfermidade, a Vigilância Ambiental mantém 14 pontos de monitoramento em áreas silvestres e 2 mil armadilhas na zona urbana. A medida é para se evitar cenas como as dos surto de febre amarela em 2008, quando macacos morreram com a doença na Parque Nacional da Água Mineral e mosquitos contaminados foram capturados no Parque da Cidade. A dengue, que em 2016 bateu todos os recordes e adoeceu quase 20 mil pessoas, reforçou a precaução.

O alerta agora envolve a crise hídrica e o armazenamento de água em tambores e baldes, estratégia para driblar o racionamento. Em todas as 15 cidades afetadas pelo corte de água, já foram notificados criadouros de mosquitos nas reservas improvisadas. ;O cerrado é o habitat desses mosquitos e qualquer brecha é perigosa. A população deve estar vigilante. A prática expõe a cidade a mais um risco;, destacou o gerente de Vigilância Ambiental, Petrônio Lopes. Mais de 1,8 milhão de pessoas são afetadas pela interrupção de água.

O médico infectologista Antônio Bandeira, do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, alerta que, em Brasília, as distâncias entre áreas silvestres e rurais são pequenas, quando comparadas às de grande contingente populacional. A regra, segundo o especialista, é matemática: ;menor a distância, maior o risco;. ;As autoridades sanitárias têm que repensar a estratégia de combate. A nossa realidade de convivência com arboviroses está crescendo. Somente fumacê não resolve o problema. E não vejo investimento em outras técnicas;, criticou. E completa: ;Erradicar mosquitos não é possível, mas controlar é necessário;.

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