Cidades

Chilenos e franceses virão a Brasília para 'intercâmbio' carnavalesco

Criado por um brasiliense, o grupo Batukenjé já levou a cultura afro-brasileira para os quatro cantos do mundo. Este ano, chegou a vez de receber convidados de outras nações

Deborah Fortuna
postado em 14/02/2017 06:02

Criado por um brasiliense, o grupo Batukenjé já levou a cultura afro-brasileira para os quatro cantos do mundo. Este ano, chegou a vez de receber convidados de outras nações

A cada edição, o carnaval de Brasília tem mais motivos para surpreender. Ao se consagrar como uma região multicultural, que reúne pessoas de todos os cantos do país, a capital reflete essa característica na diversidade dos blocos, que tocam do rock ao frevo, do axé às marchinhas. Agora, o festejo também integra povos de outras nações. Este ano, um grupo de chilenos e franceses desembarca na capital para contribuir com os batuques da percussão carnavalesca e conhecer um pouquinho da nossa história. A parceria entre o Bloco do Agô e o Encosta que Cresce trouxe um pouquinho dos países europeu e sul-americano para pular o carnaval.

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Mestre de percussão, Célio Zidório, 46 anos, viaja o mundo para divulgar um pouco mais da cultura afro-brasileira para outros países e trazer o que aprende de lá também. A ideia é que a arte com os tambores se estenda a todas as pessoas, sem distinção de cor ou gênero. O grupo, chamado Batukenjé, além dos estrangeiros, abre espaço para que pessoas com síndrome de Down mostrem o talento com a música. ;Eu levo essa nossa cultura para os europeus, para o mundo, mas com a ideia sempre da arte inclusiva;, conta o mestre.

No Chile, o grupo conta com 200 integrantes em várias cidades, que se reúnem para fazer o carnaval no país. Segundo Zidório, o trabalho também existe em outroas nações, como Finlândia, Espanha, Rússia, e tem, cada vez mais, conquistado o mundo. ;É sempre um prazer enorme viajar para fora, porque, além de aprender com eles, eu mostro toda a nossa cultura e as coisas maravilhosas que nós temos neste país;, explica.

Piero Urra, analista de sistema, 30 anos, aprendeu a tocar tambor quando tinha apenas 15. O chileno passou pelo Brasil em 2015, mas esta é a primeira vez que acompanha o grupo para fazer o trabalho musical do bloco. Ele é o responsável por comandar o Batukenjé em Santiago, no Chile. Agora, vem a Brasília para conhecer mais do carnaval brasileiro e trazer também um pouco do conhecimento chileno. ;Eu quero conhecer a cultura para poder levá-la ao Chile. Tem muito chileno em Salvador, nesta época, mas aqui, em Brasília, é muito mais misturado.;

E ele não está sozinho nessa missão. Outros 20 chilenos devem chegar até as vésperas do desfile do bloco para também aprender com o que temos aqui. Mais 30 franceses também devem desembarcar na próxima semana. Lílian Luna, professora, 27 anos, também preparou as malas e veio conhecer o Brasil pela primeira vez. Ela conta que aprendeu a tocar tambor há poucos meses e que o grupo chileno tem as mesmas características que são pregadas aqui. ;A tranquilidade daqui me chamou muito a atenção. O carinho, o amor, isso não se vê no Chile;, contou.

Desfile

Na semana pré-carnavalesca, o grupo Batukenjé se transforma no Bloco do Agô, criado pelo próprio Célio Zidório. No último domingo, fez sua segunda edição de folia, no Estacionamento 13 do Parque da Cidade, com a musicalidade toda voltada para a cultura afro-brasileira. No próximo domingo, eles voltam a fazer a festa dos brasilienses. Desta vez, como uma das atrações musicais do Bloco Encosta que Cresce.

O advogado Edson Sertão, 54 anos, um dos coordenadores do bloco parceiro, espera que de 15 mil a 20 mil foliões participem da festa, no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson, no próximo domingo. Na primeira edição, em 2015, a estimativa é que mil pessoas compareceram ao evento. Em 2016, esse número aumentou para 10 mil. ;Brasília está a todo o vapor. É um crescimento exponencial. O jovem não quer mais sair da cidade. E o próprio jovem, com os blocos alternativos, está desenvolvendo o carnaval na capital;, afirmou Edson.

Além do Batukenjé, o Encosta que Cresce vai trazer a Orquestra de Metais do Encosta, muito frevo, samba enredo, axé, samba reggae, e MPB no ritmo de axé. O percusso do trio elétrico vai ser curto, apenas nas proximidades do ginásio. Além disso, o bloco fez uma parceria com o Sistema de Limpeza Urbano (SLU) para distribuir sacolas aos foliões, que ficarão encarregados de recolher o lixo depois da farra, incentivando a cidade limpa. Os organizadores pedem ainda para que os foliões evitem levar garrafa de vidro. Durante o evento, a Secretaria de Saúde também fará a distribuição de preservativos. A festa começa às 15h.

Programe-se

Bloco Encosta que cresce, com a participação do grupo Batukenjé
Domingo, a partir das 15h
No estacionamento do
Ginásio Nilson Nelson

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