Cidades

Entenda como será o cronograma de racionamento no Plano e outras 9 regiões

Pela importância nacional, a Caesb decide poupar a Esplanada dos Ministérios das interrupções feitas no Sistema Santa Maria/Torto. Cortes começarão na segunda-feira por Lago Norte, Varjão e condomínios do Jardim Botânico

Flávia Maia
postado em 23/02/2017 06:00
A Esplanada dos Ministérios será poupada do racionamento que começa na próxima segunda-feira em 11 regiões abastecidas pelo Sistema Santa Maria/Torto. Dessa forma, os ministérios, os palácios do Planalto, do Alvorada e do Jaburu, além das cortes superiores e o Congresso Nacional não sofrerão com os cortes como os demais 580 mil moradores do Distrito Federal abastecidos pelo reservatório. Segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), a decisão foi tomada por se tratar de um trecho curto e para não atrapalhar o funcionamento de órgãos públicos e as decisões nacionais. Embaixadas, consulados e estruturas da administração local, como o Palácio do Buriti, não tiveram a mesma regalia e terão interrupções.
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Por causa da quantidade de funcionários e visitantes, os prédios federais têm um consumo expressivo de água. O consumo anual do Palácio da Alvorada, somado ao da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, é suficiente para abastecer, em média, a população do Lago Norte e do Varjão por 1,4 mês ou de Brazlândia por dois meses. Mesmo escapando dos cortes, as administrações dos edifícios públicos da Esplanada informaram que continuarão a reduzir o consumo.

[SAIBAMAIS]Maurício Luduvice, presidente da Caesb, reforça que a medida foi necessária por causa da importância da Esplanada dos Ministérios para o Brasil. Além disso, os setores hospitalares Sul e Norte também não sofrerão interrupções no abastecimento. Caso haja falta de água, a empresa se comprometeu a fornecer o serviço por meio de caminhões-pipa.

O cronograma do rodízio foi divulgado ontem pela Caesb e não há prazo para o fim do racionamento. A tarifa de contingenciamento também está mantida. Lago Norte, Varjão e os condomínios do Jardim Botânico serão os primeiros a passar o dia sem água e terão a segunda de carnaval na seca. Na terça-feira, será a vez da Asa Norte e do Noroeste.

O ciclo de interrupções será de seis dias. No primeiro, o corte será de 24 horas. As 48 horas seguintes serão de estabilização do sistema, o que significa que a água pode demorar um pouco mais para chegar às torneiras ou até voltar barrenta. Em seguida, serão necessárias 72 horas de serviço normalizado. Como o Sistema Santa Maria/Torto é um dos mais antigos da capital ; o Torto, de 1960, e o Santa Maria, de 1970 ; Luduvice informou que a operação será mais delicada do que a realizada na Barragem do Descoberto. ;A gente pede à população que mantenha os reservatórios cheios para os dias sem água e que continuem economizando. Infelizmente, as chuvas não estão cooperando. Em janeiro, choveu apenas 56% do esperado;, afirma.

A expectativa é de que o rodízio reduza o consumo em 12% no reservatório de Santa Maria/Torto. Segundo a Caesb, no Rio Descoberto, a economia chegou a 14%. A ampliação do racionamento é uma resposta às duas resoluções da Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa) que diminuíram a quantidade de água que pode ser captada dos dois principais reservatórios do DF. Dessa forma, agora são 24 regiões e 2,4 milhões de moradores da região que terão que se adaptar à rotina de redução no abastecimento.
Pela importância nacional, a Caesb decide poupar a Esplanada dos Ministérios das interrupções feitas no Sistema Santa Maria/Torto. Cortes começarão na segunda-feira por Lago Norte, Varjão e condomínios do Jardim Botânico

Consciência

Para o funcionário público Lucas Garrido, 23 anos, a Esplanada dos Ministérios também deveria ser atingida pelo racionamento. ;O exemplo deveria partir do governo porque, querendo ou não, é um incentivo à população;, argumenta o jovem. Segundo ele, ;faltou planejamento por parte do GDF; no sentido de prevenção da crise. A educadora física Roberta Batista, 42, não compreende o motivo pelo qual a crise não chegará à Esplanada. ;Eu acho que é o fim. Todos precisam colaborar. É questão de consciência;, avalia.

Moradora do Varjão, a dona de casa Arlis Ramos, 39, se prepara para o racionamento com uma caixa d;água de 500l e dois galões de 100l cada. ;Somos cinco pessoas aqui em casa. Então, não podemos arriscar. Mas mesmo assim, a solução sempre é economizar para não faltar no final;, alerta.

A empresária Genesi Oliveira, 35, é dona de uma floricultura no Jardim Botânico e conta que sofrerá o impacto de forma diferente. ;As floriculturas daqui utilizam um poço artesiano para irrigar as plantas. Mas, sem água, as vendas de algumas plantas caem. Planta é vida e precisa de água;, diz a florista há 15 anos.


Audiência para definir investimento

A Agência Reguladora de Águas do Distrito Federal (Adasa) informou que, em 7 de março, realizará uma audiência pública sobre a destinação dos R$ 9,6 milhões e o que mais for arrecadado pela tarifa de contingenciamento. A agência informou que, desde o último dia 9, a minuta da resolução está disponível para análise da população interessada em participar do processo. Entre as possíveis destinações do dinheiro estão o investimento em sistemas produtores de água tratada, dutos, tubulações, compra de hidrômetros e de macromedidores e aquisição de equipamentos para ajudar na pressurização das redes de abastecimento de água.




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