Cidades

Conheça o grupo Batalá, formado por mulheres percussionistas brasilienses

No Dia Internacional da Mulher, o Correio faz uma homenagem às percussionistas brasilienses, que, com muita disposição e bom humor, conquistaram o protagonismo de grupos musicais que se espalham pela cidade

postado em 08/03/2017 06:00
[VIDEO1]

Com tambores e baquetas em punho, elas chamam a atenção de quem passa, aos sábados, pelo Estacionamento 11 do Parque da Cidade. Formado por cerca de 80 mulheres, o Batalá é pioneiro em Brasília quando o assunto é percussão feminina. Ao observar que elas nunca eram protagonistas em uma bateria de escola de samba, por exemplo, o brasiliense Paulo Garcia trouxe para a capital um braço do grupo, criado em 1993, em Paris. Passados 13 anos, o Batalá não está mais sozinho. Outros grupos de percussão formados exclusivamente por mulheres ganham a cena cultural da cidade.

Presente em 16 países, o Batalá ganhou uma caraterística própria em Brasília. Aqui, é o único lugar em que o grupo é formado exclusivamente por mulheres. Foi justamente a busca por esse empoderamento que fez Paulo Garcia importar a ideia do baiano Giba Gonçalves, que fundou o grupo com a intenção de promover a cultura e a musicalidade afro-brasileiras na Europa.

O Batalá foi pioneiro em Brasília entre os grupos formados exclusivamente por mulheres: várias gerações reunidas

Para a intérprete Karla Praxedes, 47 anos, o grupo é uma verdadeira família. ;No momento que você é batalete, deixa de ser médica, nutricionista ou policial, porque todas estamos juntas. É um grande exercício de humildade;, conta. E é uma família eclética. Formada por mulheres de 18 a 70 anos, elas não medem esforços para conquistar o seu espaço. O Batalá é o único grupo fora do circuito baiano, por exemplo, a se apresentar durante a cerimônia de lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim, em Salvador. ;É um momento muito especial porque é quando agradecemos pelo ano que se passou e nos renovamos para o que está começando;, conta Karla.

Em 2012, as percussionistas chegaram a abrir o show do aniversário de 50 anos da banda inglesa Rolling Stones em Nova Jersey, nos Estados Unidos. No grupo há dois anos, Lilia Tanner, 56, conta que se descobriu musicista. ;Aos 54 anos, eu achava que não conseguiria aprender nenhum instrumento. Aprendi que tudo é um treino. Participar do grupo também me deu liberdade.;

Empoderamento

Outros grupos de mulheres também se destacam na capital. Criada, em 2012, com intuito de promover a diversão ; delas e dos outros ; a banda Samba Flores acabou ganhando espaço no cenário musical brasiliense. Para a fundadora Greici Lira, 38, sempre foi um desafio abrir, dentro do samba, um espaço para mulheres. ;É lógico que existe até hoje uma resistência, mas, com profissionalismo e elegância, a gente conseguiu o respeito dos homens.;

O mesmo ocorre com a banda eclética Maria Vai Casoutras. Há cinco anos, ela diverte o brasiliense. O grupo, que começou com um trio de amigas, hoje reúne 15 mulheres às voltas com microfones, instrumentos de sopro, corda e percussão. Para Juliana Muller, participar de um grupo exclusivamente feminino é empoderador. ;É incrível porque, de certa forma, a gente impõe a força da mulher. Também é incrível a receptividade das pessoas porque parece superdiferente (um grupo formado só por mulheres). Faço questão do impacto;, conta.

A roda Mulheres de Samba é mais jovem nessa estrada. Comemora hoje um ano de formação. ;A ideia surgiu no Dia Internacional da Mulher de 2016. A gente foi percebendo que a maioria das rodas são formadas por homens e que as mulheres só faziam uma participação especial. Queríamos chocar um pouco e mostrar que a mulher não é só a diva, também é samba; conta Rebeca Dourado, 27, uma das fundadoras.

A produtora musical Tâmara Jacinto, 29, comemora a ascensão da mulher no cenário musical, em especial no samba, apesar de se tratar de um espaço ainda dominado pelos homens. ;O samba é matriarcal. As mulheres são responsáveis pelo samba sair do terreiro e ir para a rua. Cada vez mais, a gente conquista espaço e a gente não arreda o pé;, destaca. Para Rebeca Dourado, a união das mulheres é importante na busca por espaço. ;Não vamos adiante com muita tranquilidade. Quanto mais a gente está avançando, mais a gente tem que se reunir e fortalecer para que não nos façam recuar. Precisamos nos manter cientes de que não é direito conquistado, ainda estamos em processo; conclui.

Confira alguns eventos gratuitos para celebrar o Dia da Mulher hoje

Roda de Conversa na FAU
; O Coletivo Feminista da FAU ; UnB realiza uma roda de conversa para debater temas relacionados à mulher. O evento contará com representantes do Coletivo Arquitetas Invisíveis, do MOB ; Movimente e Ocupe seu Bairro, do Entre Ateliê e de professoras da FAU.
Às 18h, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB.

Tarde de Oxum
; O Quilombo está com uma programação para as mulheres negras. O evento contará com serviços de beleza, rodas de conversa e sarau.
Às 14h, no Quilombo, Sala BT 620, UnB.

Semana Mulheres em Ação CCBB
; O CCBB exibirá a mostra A vida lá fora: o cinema de Jean Renoir, com vários filmes do diretor. Na programação, constam A filha da água, Nana, Charleston, A pequena vendedora de fósforos, Tire-au-flanc, entre outros. Serão três exibições de filmes por dia.
De hoje a domingo, às 16h, no Centro Cultural Banco do Brasil ; SCES Trecho 2.

Simpósio sobre igualdade de gênero
; A Escola da AGU Ministro Victor Nunes Leal promoverá um simpósio com o tema Igualdade de gênero: conquistas e desafios.
Às 15h, na Escola da Advocacia-Geral da União ; Ed. Sede II, Setor de Indústrias Gráficas, Quadra 6, Lote 800.

FAC e SOS Imprensa no 8 de março: Dia Internacional da Mulher
; A Faculdade de Comunicação da UnB promoverá seminários com o intuito de incentivar debates sobre o papel da mulher na sociedade, a importância dos estudos de gênero e como é o cenário da mulher na UnB e perspectivas futuras.
Às 8h, na Faculdade de Comunicação, UnB.

Roda aberta para mulheres: dinâmicas e vivências
; O grupo de mulheres do curso de biologia Ipê Rosa, em parceria com a DIV, realizará uma roda de conversa e dinâmicas. Após o evento, haverá um happy hour no local.
Às 16h, no Centro Acadêmico de Biologia, UnB.
Dia da mulher no Aeroporto de Brasília
; A Sala VIP do Aeroporto de Brasília, em parceria com o AeroSpa, oferecerá massagem express às mulheres que usarem o espaço. As sessões duram de 10 a 15 minutos.
Das 9h às 13h e das 16h às 20h, na Sala Vip, Aeroporto de Brasília.

Micropigmentação de mamas e sobrancelhas
; A Clínica Vanessa Silveira realizará procedimentos de micropigmentação para desenhos de aréolas e correção de sobrancelhas para mulheres que tenham realizado a mastectomia (cirurgia para retirada das mamas) ou que apresentem falhas nas sobrancelhas após quimioterapia. Quem quiser participar deve levar documentos médicos que comprovem a realização de cirurgia e tratamento pelo SUS, além de um documento com foto no dia para o agendamento do procedimento.
No dia 14 de março, das 8h às 16h, no SCLS 104, Bloco C, Loja 23, Asa Sul.

Dia da Mulher no Pátio Brasil
; Várias lojas do shopping oferecerão serviços gratuitos para o público feminino na Praça Central, como depilação, reflexologia, limpeza de pele, maquiagem, corte de cabelo, sobrancelha, exame de bioimpedância e dicas de dermatologistas.
Das 10h às 19h, no Pátio Brasil Shopping.

Dia da Mulher Abrace
; A Abrace realizará uma homenagem às mães de pacientes com câncer. Em parceria com o Helio Instituto de Beleza, as mães terão direito a cabeleireiro e maquiador.
Às 11h, no Helio Instituto de Beleza, Lago Sul.

Exposição fotográfica
; Os fotógrafos Salveci dos Santos e Pamella Huri de Freitas farão a exposição Mulher, por trás do silêncio, na qual mostrarão a história de mulheres que foram vítimas de violência doméstica.
De hoje a 19 de março, no saguão principal do Terminal Interestadual de Brasília.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação