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Acervo da bailarina Asta-Rose é doado ao Arquivo Público do DF

As peças históricas foram doadas pela família da artista, que morreu no ano passado, aos 94 anos. Escola de Música e Instituto Histórico Geográfico também receberam alguns dos itens deixados pela pioneira

Ana Carolina Alves*
postado em 24/03/2017 23:04
Asta-Rose em casa, em novembro de 2015
Centenas de itens da bailarina Asta-Rose agora fazem parte do acervo do Arquivo Público do Distrito Federal. São 50 cartazes de espetáculos, 200 slides, seis álbuns e quatro caixas de ampliações fotográficas e dois disquetes que foram doados nesta sexta-feira (24/3). A artista catarinense, que morreu em novembro de 2016, aos 94 anos, tinha um carinho especial por Brasília e havia manifestado o desejo de ver a obra da vida toda à disposição do público mais uma vez.
A coordenadora de arquivos permanentes do Arquivo Público do DF, Marli Guedes, afirma que os bens são muito importantes para o órgão e para aos estudantes da cidade. ;Vai complementar o material que temos aqui no arquivo. Tudo isso é importante para o brasiliense. É importante conhecer nossos artistas, precisamos dar valor a eles;, comenta.
O acervo foi doado pela sobrinha da bailarina, Silvia Jordan de Oliveira. ;Ela se considerava daqui, achava que aqui era a cidade dela. Minha tia tinha o título de cidadã honorária (de Brasília) e, por causa dessa consideração, ela tinha que deixar o legado dela para a cidade;, relata.

Segundo a família, o patrimônio de Asta-Rose e do marido, o tenor Tomás Alcaide, foram requisitados também pelo governo de Portugal, país natal do tenor, onde o casal viveu por muitos anos. Porém, Silvia conta que a própria Asta fazia questão de que seus bens ficassem na capital federal. A família decidiu, então, que os bens culturais do tenor serão levados para Portugal, enquanto o legado de Asta ficará em Brasília.
;Asta era muito ligada à música erudita. E esse acervo conta um pouco da história dessa pioneira. Ela é referência aqui em Brasília;, afirma o superintendente do Arquivo Público, Jomar Nickerson de Almeida.

Eterna dama da ópera

Além do Arquivo Público, outros dois órgãos da capital vão herdar o patrimônio de Asta-Rose. A Escola de Música de Brasília receberá livros, partituras, discos em vinil e fitas magnéticas de óperas. Já o Instituto Histórico e Geográfico do DF montará um ambiente Asta-Rose, com cadeiras e quadros da casa da artista. "É com muita satisfação que recebemos esse acervo da Asta. Ela é uma figura ímpar em Brasília, a eterna dama da ópera", comemora a presidente em exercício do instituto, Vera Ramos.
[SAIBAMAIS]A artista nasceu em 1922, em Santa Catarina. Asta-Rose Alcaíde se mudou para Brasília na década de 1970, para ser conselheira cultural da Embaixada dos Estados Unidos. Reconhecida internacionalmente pela sua admiração e dedicação à arte, a bailarina fundou a Associação Ópera de Brasília.

Em entrevista ao Correio em outubro de 2015, Asta comentou o desejo de que seus bens fossem compartilhadas. ;Tenho tantas coisas lindas, vários quadros, coisas que enriquecem a vida de maneira extraordinária e que eu tenho pena de, quando for embora, não poder levar comigo. Gostaria de deixar para outros, tenho muitas partituras de ópera, bem conservadas, assinadas pelos próprios artistas que as escreveram, gravações, e isto é muito interessante", contou ela, à época.

Assista ao vídeo com o depoimento de Asta-Rose, publicado na série Maturidade Compartilhada, em 2015:
[VIDEO1]
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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