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Bombeiro envolvido em suposto racha na L4 Sul pode ser expulso

Acusado de envolvimento em suposto pega que culminou nas mortes de uma mulher e do filho dela, na L4 Sul, sargento responde a processo disciplinar administrativo sobre a conduta dele no caso

Paula Pires - Especial para o Correio
postado em 11/05/2017 06:00
Carro vermelho capotado com um caminhão do Corpo de Bombeiros à frente. Uma placa mostra o sentido da via L2 em Brasília
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) abriu um processo disciplinar administrativo para apurar a conduta de Noé Albuquerque Oliveira, 42 anos, sargento da corporação e enfermeiro da Secretaria de Saúde. Ele dirigia a Range Rover Evoque que se envolveu no acidente de trânsito na L4 (Sul), próximo à Ponte das Garças, em 30 de abril, e resultou na morte de duas pessoas.

O sargento, segundo testemunhas, teria participado de um pega com o advogado Eraldo José Cavalcante Pereira, 34, condutor do Jetta que atingiu a traseira de um Fiesta vermelho. Com a batida, o Fiesta se desgovernou, bateu em uma árvore e capotou diversas vezes, provocando a morte de uma mãe e do filho dela (leia Entenda o caso).

O CBMDF abriu o inquérito há uma semana, com o intuito de apurar possível prática de transgressão disciplinar de Noé. ;Cabe ressaltar que o encarregado designado para apuração terá 30 dias para a entrega dos trabalhos conclusos à Corregedoria do CBMDF. Podendo o militar sofrer sanções administrativas disciplinares, conforme o Regulamento Disciplinar do Exército, aplicado ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal por Decreto Federal;, informou a assessoria dos Bombeiros, por meio de nota oficial.

O militar, que tem 21 anos e seis meses de serviço, continua na ativa e faz um curso interno em um quartel escola da corporação, informou ainda o serviço de comunicação do CBMDF. O militar já foi ouvido por oficiais à frente das investigações. Testemunhas vão prestar esclarecimentos no processo.

Bebida e fuga

Após deixar o local do acidente e escapar do flagrante, o sargento também depôs na Polícia Civil, no início da tarde de 1; de maio. Ele foi liberado após o interrogatório. Noé negou que estivesse participando de um racha. Alegou que ele e o cunhado, Eraldo José Cavalcante Pereira, vinham de uma festa e que estavam em dois carros, acompanhados de suas esposas. Segundo o sargento, ele estava na velocidade limite da via (80km/h), a 300m do carro que se envolveu no acidente.

O bombeiro disse, ainda, ter bebido uma latinha de cerveja, mas alegou que não chegou a fazer o teste do bafômetro porque os agentes do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que chegaram ao local do acidente logo após a colisão, não tinham o equipamento no momento. Ele contou que chegou a prestar socorro, mas precisou sair do local para levar a mulher ao hospital. O Correio teve acesso a um vídeo que mostra o sargento prestando auxílio às vítimas do acidente.

Especialista em direito administrativo, Fernando Dantas afirma que o processo disciplinar aberto pelo CBMDF contra o sargento poderá acarretar em demissão. ;É o ato mais grave que culmina nessa punição;, ressaltou. O especialista disse, ainda, que o servidor poderá continuar trabalhando até o fim do processo administrativo.

Suspeitos estão livres

Por volta das 19h30 de 30 de abril, três carros suspeitos de participarem de um racha provocaram um acidente na Avenida L4 Sul, próximo à Ponte das Garças. Os motoristas de um Cruze prata, um Jetta preto e uma Range Rover Evoque são acusados de envolvimento no pega. O Jetta bateu na traseira do Fiesta da família Cayres, que retornava de um evento dominical. Com a batida, o Fiesta perdeu o controle, saiu da pista e capotou diversas vezes. Cleusa Maria Cayres, 69 anos, e o filho Ricardo Clemente Cayres, 46, morreram no local. Os outros dois ocupantes do veículo, Elberton Silva Quintão, 37, cunhado de Ricardo, e o pai dele, Osvaldo Clemente Cayres, 72, foram encaminhados ao Hospital de Base com escoriações. Todos os suspeitos respondem ao inquérito em liberdade.

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