Cidades

Operação da PF altera estratégia de futuros candidatos ao Buriti em 2018

Prisões aumentam incertezas sobre corrida ao Palácio do Buriti e embaralham estratégias de possíveis candidatos em 2018

Paula Pires - Especial para o Correio , Luiz Calcagno
postado em 24/05/2017 06:00
As prisões de dois ex-governadores e de um ex-vice-governador da capital federal surpreendeu políticos das bancadas brasilienses no Congresso Nacional e na Câmara Legislativa. Uma das primeiras reações foi projetar o cenário eleitoral para 2018. Além de aumentar as incertezas sobre a corrida ao Palácio do Buriti, as prisões por superfaturamento nas obras do Mané Garrincha embaralham as estratégias de futuros candidatos. O discurso de campanha, as alianças, o palanque e o horário eleitoral devem sofrer mudanças de rumo a partir dos próximos meses. Aliados e adversários de Agnelo Queiroz, Tadeu Filippelli e José Roberto Arruda ouvidos pelo Correio adotaram discursos de forte apelo eleitoral.

O senador Cristovam Buarque (PPS) foi enfático ao destacar a falta de prioridades dos ex-governantes. ;Gostaria que a população percebesse que, além da prisão deles, por causa de corrupção e de superfaturamento, existe uma corrupção na própria prioridade, ao colocar o dinheiro no estádio em vez de investir em saneamento, no Pôr do Sol (em Ceilândia) e em escolas. A população está descobrindo a corrupção no comportamento dos políticos. Mas precisa descobrir também a das prioridades;, advertiu. Cristovam acredita ainda que a operação da PF vá interferir ;radicalmente; nas eleições. ;Primeiro porque enfraquece ainda mais o PT e o PMDB. Segundo, porque o Arruda era uma liderança importante, mesmo fora do governo há tanto tempo, e vai perder prestígio;, explicou.

Ex-secretário de Transporte do governo Arruda e amigo pessoal do político, o deputado federal Alberto Fraga (DEM) destacou que a direita perdeu um candidato importante para chefiar o GDF de 2019 a 2022, Tadeu Filippelli, que, até a manhã de ontem, despachava num gabinete no Palácio do Planalto. ;Tenho mantido uma união com os partidos de direita para que, lá na frente, possamos formar um grupo e ganhar as eleições. Eu me preocupo quando vejo (no escândalo) o nome do Filippelli, um possível candidato. Quando chegar a hora, a pessoa melhor posicionada vai assumir a cabeça de chapa;, garantiu. O nome do ex-vice-governador havia se fortalecido para a corrida ao Buriti após a absolvição pela Justiça Eleitoral, no mesmo julgamento que manteve a condenação do ex-governador Agnelo Queiroz por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação na campanha de 2014.

Deputado distrital pelo PT, Chico Vigilante disse que, para ele, Agnelo ;é um homem decente e honesto; e dará todas as explicações necessárias para sair limpo da história. Questionado sobre a possibilidade de o escândalo prejudicar a legenda, o parlamentar preferiu desviar o foco e disse que a imagem de Brasília está sendo ;maculada;. ;Quando as pessoas atacavam Brasília, eu dizia que quem vinha de fora é que sujava o nome da cidade. Hoje, a situação é bem diferente. Afinal das contas, são dois ex-governadores e um ex-vice-governador presos;, lamentou.

Jaime Recena, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no DF, lembrou da situação financeira da capital em 2015, quando Rodrigo Rollemberg, de seu partido, assumiu o GDF. ;Brasília se via diante de um caos, com uma dívida de R$ 6,5 bilhões. É uma consequência de uma narrativa que já acompanhamos há algum tempo e que culminou com mais essas prisões preventivas.;

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