Cidades

Arruda, Agnelo e Filippelli são transferidos para carceragem do DPE

Ex-governadores do DF e ex-vice governador são investigados na Operação Panatenaico. Eles são suspeitos de participar de esquema de superfaturamento das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha

Otávio Augusto
postado em 27/05/2017 17:56
Ex-governadores do DF e ex-vice governador são investigados na Operação Panatenaico. Eles são suspeitos de participar de esquema de superfaturamento das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha
Um dias após terem a prisão temporária prorrogada, os ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), além do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), foram transferidos para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). O traslado ocorreu neste sábado (27/5), segundo informações da Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom). A mudança ocorreu com autorização da Vara de Execuções Penais (VEP), ancorada no protocolo de que as celas da Polícia Federal são para os presos ficarem por pouco tempo.
Com o prolongamento da prisão temporária por cinco dias, os acusados de operar um esquema de superfaturamento no valor de R$ 900 milhões nas obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, poderão contabilizar 10 dias atrás das grades. A arena mais cara da Copa de 2014 abriu um rombo de R$ 1,3 bilhão nos cofres da Terracap. Segundo a Polícia Federal, a possível soltura dos presos poderia interferir nas investigações. Foram bloqueados cerca de R$ 155 milhões dos 11 alvos da decisão judicial.
Na última quinta-feira, três dos 10 presos haviam deixado a custódia da Polícia Federal com destino ao DPE, da Polícia Civil do DF. Apontados como operadores de propina, Sérgio Lúcio Silva de Andrade, Jorge Luiz Salomão e Afrânio Roberto de Souza Filho saíram das dependências da PF ; no Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek e na Superintendência ; para abrir espaço na carceragem da corporação.


Sem banho quente

Nas dependências do DPE, os presos dividirão duas celas, com banheiro, mas sem chuveiro quente. São três refeições diárias: no café da manhã, é servido pão com manteiga e café com leite. No almoço, a marmita traz arroz, feijão, macarrão, salada, suco e um doce de sobremesa. O cardápio do jantar é o mesmo do almoço. Eles terão direito a duas horas de sol por dia e contam com o direito de visita de advogado.
Arruda, Agnelo e Filippelli dividiram na Superintendência da PF uma cela de 6 metros quadrados. Arruda, quando afastado do governo em 2010, ficou preso de 11 de fevereiro a 12 de abril na carceragem da Polícia Federal por tentar obstruir as investigações da Operação Caixa de Pandora, que desbaratou um esquema de corrupção no seu governo, o chamado mensalão do DEM.

Operação Panatenaico

Entenda o papel de cada um dos investigados, segundo as investigações
José Roberto Arruda
De acordo com a delação da Andrade Gutierrez descrita na decisão da 10; Vara Federal, Arruda viabilizou, entre 2009 e 2010, um esquema de fraude licitatória referente ao Estádio Nacional Mané Garrincha que favoreceu as construtoras Via Engenharia e Andrade Gutierrez. As tratativas para o direcionamento da concorrência iniciaram em 2008, antes da eleição para governador.
Agnelo Queiroz
A gestão de Agnelo Queiroz, afirmam ex-executivos da Andrade Gutierrez, foi responsável pela construção superfaturada do Mané Garrincha. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal de ter recebido ;propina milionária; em troca de facilitações para a execução da obra da arena.
Tadeu Filippelli
O MPF sustenta que o ex-vice-governador requisitou valores ilícitos à Andrade Gutierrez. À Via Engenharia, Filippelli pediu propina a ser destinada ao partido dele, o PMDB.
Fernando Márcio Queiroz
O presidente da Via Engenharia fraudou o processo licitatório do Mané Garrincha, de acordo com as delações. Há indícios de que Márcio Queiroz tenha realizado pagamento de propina aos ex-presidentes da Terracap e da Novacap, além de obter vantagens pessoais com a licitação irregular.
Sérgio Lúcio Silva de Andrade
O suspeito de ser operador de Arruda a partir de 2013 chegou a receber R$ 2 milhões diretamente de funcionários da Andrade Gutierrez e da Via Engenharia.
Francisco Cláudio Monteiro
A pedido de Agnelo Queiroz, o acusado de ser operador do ex-governador petista recebeu montante de R$ 250 mil.
Afrânio Roberto de Souza Filho
Apontado como operador de Tadeu Filippelli, Afrânio recolheu 19 pagamentos de propina efetuados pela Andrade Gutierrez e que tinham o ex-vice-governador como destinatário.
Maruska Lima de Souza
Ex-presidente da Terracap, Maruska integrava a Comissão de Licitação que definiu a Andrade Gutierrez e a Via Engenharia como as construtoras encarregadas da obra do Mané Garrincha.
Nilson Martorelli
O ex-presidente da Novacap é acusado por delatores de receber propina da Andrade Gutierrez e da Via Engenharia durante os aditamentos contratuais da reforma do Mané Garrincha.
Jorge Luiz Salomão
Era o ;intermediário sistemático e usual; de Agnelo, de acordo com as delações. O sócio da Andrade Gutierrez Rodrigo Leite Oliveira relatou ter entregue grandes quantidades de dinheiro ilícito ao emissário no canteiro de obras do Mane Garrincha, em 2014.

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