Cidades

Possibilidade de usar volume morto do Descoberto volta a ser estudada

Descartada pela Caesb no ano passado, possibilidade volta a ser estudada. Dinheiro para obra de captação do reservatório do Descoberto viria da taxa extra

Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 26/06/2017 06:00

Reserva técnica equivale a 9% do manancial do Descoberto, o maior do DF

O Distrito Federal pode ganhar até 8 bilhões de litros de água em suas reservas, caso a crise hídrica entre em estado ainda mais crítico. A nova captação viria do volume morto do Reservatório do Descoberto, que corresponde a cerca de 9% do total do manancial. Descartada pelos órgãos reguladores no ano passado, uma proposta avaliada em R$ 9,3 milhões para investimento emergencial na adequação da captação do Descoberto está entre as metas da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) para uso do valor arrecadado com a taxa extra. A obra divide especialistas, por se tratar de uma quantia de água tida como pequena e devido à qualidade do recurso ser inferior, o que geraria mais custos no tratamento, podendo resultar em aumento na conta dos brasilienses.


[SAIBAMAIS]O volume morto é uma parte da reserva de águas que fica abaixo do ponto onde os canos de captação da concessionária costumam chegar. Chamada também de reserva técnica, a água tem qualidade inferior à encontrada na superfície, com baixa oxigenação, por isso, é reservada apenas a situações críticas, como as que o DF pode passar durante e após o período de estiagem. O volume morto do Sistema Cantareira abasteceu o estado de São Paulo por 535 dias, entre julho de 2014 e dezembro de 2015. Para usar o sistema, foram investidos R$ 120 milhões em uma obra de dois meses.

O tamanho do volume morto do Descoberto é bastante inferior ao do Cantareira, sendo suficiente para abastecer o DF por menos de 30 dias, segundo a Caesb. Por meio da Assessoria de Imprensa, a companhia afirmou que continua realizando estudos sobre melhorias e adequações na captação do Descoberto. ;Várias medidas estão sendo adotadas, como a redução do consumo e de perdas de água no sistema e a construção de novas fontes de captação de água para abastecimento. A reserva de recursos da tarifa de contingência é uma medida preventiva, caso ocorram situações adversas no futuro.;

Prós e contras
Professor de engenharia ambiental da Universidade Católica de Brasília, Marcelo Resende acredita que a escolha desse projeto é uma boa opção para o investimento de parte da quantia arrecadada com a tarifa de contingência. ;Ela nos deixa resguardados, pois, mesmo com um aumento do nível dos reservatórios nos últimos meses, estamos entrando na estiagem absoluta;, argumenta. Mas ele faz um alerta: ;Isso é um processo que vai encarecer a água.;

O professor Marco Antônio Souza, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, acredita que a obra poderia ser paga com o faturamento mensal da companhia. ;Uma melhor aplicação de montantes extras como esse seria para restauração de nascentes. Com um bom estudo, poderíamos mensurar o quanto um trabalho de renovação de olhos d;água poderia trazer de impacto no abastecimento, pois um investimento desse pode trazer um resultado tão grande quanto a obra do volume morto, ou até maior;, pondera.

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