Cidades

Distritais gastaram mais de R$ 1,2 mi em verba de gabinete em cinco meses

Montante representa o gasto com aluguel de imóveis e carros, compra de material, combustível, contratação de consultoria jurídica e consultoria especializada e divulgação da atividade parlamentar

Ana Viriato
postado em 22/07/2017 08:00
Montante representa o gasto com aluguel de imóveis e carros, compra de material, combustível, contratação de consultoria jurídica e consultoria especializada e divulgação da atividade parlamentar
Assim como os representantes de Brasília na Câmara dos Deputados, os distritais investiram pesado em autopromoção no início deste ano. Em tempos de mídias sociais, o maior investimento de verba indenizatória, nos cinco primeiros meses do ano, deu-se na manutenção de plataformas on-line. Os parlamentares gastaram cerca de R$ 372,9 mil com a contratação de assessorias, a maioria especializada em marketing, para a captação e edição de imagens e postagem de material em páginas oficiais na internet ; as despesas com as consultorias cresceram 8% em relação ao mesmo período de 2016.

O aumento dos gastos com o gerenciamento de redes sociais deve-se ao desejo dos parlamentares de tornar o relacionamento com o eleitorado mais próximo, despojado e rápido ; os 24 distritais detêm conta no Facebook e 19 deles usam o Twitter para marcar posicionamentos políticos e manter a população informada sobre o dia a dia de trabalho. O custo pelo serviço chega a R$ 12,6 mil mensais.

O gasto integral de cota parlamentar chegou a R$ 1.255.970,02. Isso representa uma baixa de R$ 202 mil, sob o parâmetro de comparação dos cinco primeiros meses do último ano. Parte do decréscimo refere-se à economia com impressões de informativos e publicações relativas ao mandato em jornais e revistas. Em 2017, os distritais gastaram pouco mais de R$ 292 mil com esse tipo de divulgação; no último ano, a despesa foi de R$ 406,4 mil.

[SAIBAMAIS]Outra justificativa usada pelos parlamentares para obter os ressarcimentos é o aluguel de automóveis, que resultou em despesas de R$ 296.626,63. Alguns distritais optam por locar vans, como Bispo Renato Andrade (PR), que destinou R$ 10 mil mensais às reservas. Outros, porém, escolhem carros mais sofisticados. É o caso de Cristiano Araújo (PSD) que teve à disposição um Fusion, por R$ 4,8 mil ao mês; e Juarezão (PSB), o qual decidiu por uma pick-up cabine dupla, pelo custo de R$ 6,4 mil.

Para manter os veículos, os deputados gastaram, em cinco meses, R$ 110.224,76 com combustíveis. O valor é suficiente para comprar cerca de 30 mil litros de gasolina ; caso o litro custe R$ 3,60 ; e encher por 612 vezes um tanque com capacidade para 50 litros.

Os deputados podem gastar mensalmente R$ 25.322,25. As despesas totais com aluguel de imóveis e carros, compra de material e combustível e contratação de consultoria jurídica não podem ultrapassar 40% do valor mensal da verba indenizatória. Já os gastos com consultoria especializada e divulgação da atividade parlamentar não podem ser superiores a 60% do total da cota.

Autopromoção

Os três campeões de gastos aplicaram a maior parte da verba indenizatória disponível com a autopromoção. Primeiro colocado, Chico Vigilante (PT) gastou, em cinco meses, R$ 113,3 mil, sendo R$ 39.620 mil com a impressão de 41 mil informativos com conteúdo relativo à sua atuação em favor de Ceilândia, seu berço político. O petista ainda investiu R$ 35 mil na assessoria especializada de gestão em redes Cobra Criada e R$ 34,4 mil na locação e manutenção do escritório político, em Ceilândia Norte.

Rodrigo Delmasso (Podemos) empregou R$ 59,3 mil na divulgação das conquistas do mandato em variadas plataformas ; o deputado desembolsou, por exemplo, R$ 9 mil mensais com captação de imagens, produção, edição de vídeo e elaboração de conteúdo para mídias sociais.

Robério Negreiros (PSDB) investiu R$ 35,7 mil em assessorias especializadas, responsáveis pela manutenção do site oficial ; além da produção de material multimídia para postagem nas redes sociais ; e pela produção de relatórios técnicos sobre uma série de temas.

;Previsão em lei;

Em nota, Chico Vigilante ressaltou que o uso da verba indenizatória é regulado por regras estritas, estabelecidas pela Câmara Legislativa. ;O gabinete do deputado segue tais parâmetros à risca e em total conformidade com as regras vigentes;, diz o texto.

Delmasso especificou que a maior parte dos seus gastos é na manutenção do gabinete itinerante. ;Com a proposta, apenas entre fevereiro e junho, atendemos 9 mil pessoas em Ceilândia, Paranoá, Itapoã e Santa Maria. Todos os dados colhidos, como dúvidas e sugestões, são compilados no escritório. É um canal de comunicação entre a população e a Câmara;, pontuou.

Negreiros destacou que o valor com consultorias especializadas visa produzir projetos com embasamento técnico, que ;melhorem a vida da população;. ;O dinheiro é aplicado no atendimento à população e na elaboração de propostas. Além disso, as despesas estão dentro das regras impostas pela Casa;, argumentou.

Despesas


Deputado - Gasto
Bispo Renato Andrade (PR) - R$ 66.674,79
Chico Vigilante (PT) - R$ 113.314,31
Claudio Abrantes (sem partido) - R$ 89.648,12
Cristiano Araújo (PSD) - R$ 70.463,37
Juarezão (PSB) - R$ 98.613,95
Julio Cesar (PRB) - R$ 69.992,76
Liliane Roriz (PTB) - R$ 37.000,00
Lira (PHS) - R$ 83.522,15
Luzia de Paula (PSB) - R$ 69.693,24
Israel Batista (PV) - R$ 10.082,64
Rafael Prudente (PMDB) R$ 74.624,24
Robério Negreiros (PSDB) R$ 100.317,23
Raimundo Ribeiro (PPS) R$ 43.110,76
Ricardo Vale (PT) R$ 74.628,95
Rodrigo Delmasso (Podemos) R$ 112.924,04
Sandra Faraj (SD) R$ 25.354,10
Telma Rufino (PROS) R$ 25.666,11
Wasny de Roure (PT) R$ 52.406,26
Wellington Luiz (PMDB) R$ 37.933,00
Total R$ 1.255.970,02

Agaciel Maia (PR), Celina Leão (PPS), Chico Leite (Rede), Joe Valle (PDT) e Reginaldo Veras (PDT) não fazem uso de verba indenizatória.



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