Cidades

Acidente fatal na L4 Sul deve tramitar no Tribunal do Júri de Brasília

Entendimento inicial do Ministério Público e da Justiça do DF é de que os acusados de matar mãe e filho durante suposto pega cometeram crime doloso contra a vida. Tragédia completará três meses no próximo domingo

Júlia Campos - Especial para o Correio
postado em 27/07/2017 06:00
O acidente aconteceu na noite de 30 de abril: morte após os acusados saírem de festa no Lago Paranoá
A dias de completar três meses, o acidente que resultou na morte de mãe e filho na L4 Sul deve tramitar no Tribunal do Júri de Brasília. O entendimento do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) é de que se trata de um crime doloso contra a vida. A confirmação disso, no entanto, depende da conclusão do inquérito aberto na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul). Em seguida, é feita a denúncia contra os acusados ; Noé Albuquerque Oliveira, 42 anos, e Eraldo José Cavalcante Pereira, 34 ;, e o processo se inicia.
Morreram no acidente ocorrido na noite de 30 de abril Ricardo Cayres, 46, e a mãe, Cleusa Maria Cayres, 69. Laudo confirmou que o Jetta conduzido pelo advogado Eraldo seguia a 110km/h quando atingiu a traseira do Fiesta da família Cayres. O trabalho pericial reforçou as suspeitas de um pega na via. Noé, sargento do Corpo de Bombeiros e enfermeiro da Secretaria de Saúde, dirigia uma Range Rover Evoque e também é investigado por envolvimento no suposto racha. Ambos voltavam de uma festa, em uma lancha no Lago Paranoá.

Para Fabrícia Gouveia, viúva de Ricardo, a mudança na tipificação do crime é um reconhecimento de que houve intenção. ;Essa caracterização é mais do que correta. Nunca buscamos vingança. A nossa vontade é de que eles paguem por aquilo que realmente cometeram. Tudo está acontecendo a passos lentos. Só nos resta esperar;, afirma. ;Para mim, é muito claro. Eles beberam, assumiram a direção de um carro, fizeram um racha, bateram no veículo de alguém e mataram. E, depois disso, só veio mentira atrás de mentira. Estou bem cansada com tudo isso. Não quero que outras pessoas passem por isso;, completa.

Além de obrigada a conviver com a perda do marido, Fabrícia enfrenta burocracias. ;Tem o inventário e todas as questões jurídicas. O dinheiro está no banco, pois não tínhamos conta conjunta e tudo estava na dele. Ainda tenho de pagar advogado, as contas. Enfim, tem uma avalanche de coisas. A minha vida virou de cabeça para baixo;, lamenta. Fabrícia diz que perdão não é uma palavra para ser usada no momento, pois o arrependimento ainda não partiu da outra parte. ;Não tenho notícias. A gente fica sem saber o que está acontecendo do lado de lá. Não sei se continuam com a vida deles, se saem, se trabalham. Porque isso, para a gente (família), foi negado;, alega.

Cargo público

Em nota, a corporação informou que o bombeiro Noé segue no exercício da função. Mas, caso ocorra ;uma eventual condenação do militar, pode ensejar sanções disciplinares e administrativas que variam desde repreensão à perda do cargo público, conforme legislação específica.;

A Corregedoria da Secretaria de Saúde argumentou que o acidente não implicou em punições a Noé, porque não aconteceu durante o desempenho da função de enfermeiro da rede pública. Porém, caso a Justiça o condene com a perda de cargo público, a sentença será cumprida pelo GDF. O Correio entrou em contato com o advogado dos acusados, Alexandre de Queiroz, mas ele não atendeu às ligações.


Mais depoimentos no Caso Luís

A Corregedoria-Geral da Polícia Civil segue hoje com os depoimentos do caso do motorista terceirizado da Caixa Econômica Federal encontrado morto na 13; Delegacia de Polícia (Sobradinho), Luís Cláudio Rodrigues. Segundo Paulo César Feitoza, advogado da família da vítima, vizinhos que presenciaram a colisão entre o carro de Luís e o veículo particular de um sargento da Rotam foram intimados para depor às 9h. Pessoas que estavam na delegacia na tarde em que Luís Cláudio foi detido, em 14 de julho, também devem prestar depoimento. ;O inquérito anda a pleno vapor;, garante o advogado. Oficialmente, o caso é tratado como suicídio, mas os parentes da vítima rejeitam a tese.



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