Cidades

Esquema de troca vales muda após denúncia do Correio Braziliense

O trabalhador envolvido em troca de vales alimentação ou refeição por dinheiro comete estelionato

Júlia Campos - Especial para o Correio, Gabriella Bertoni - Especial para o Correio
postado em 29/07/2017 08:00
Um dos locais flagrados pelo Correio funciona em loja de roupas
Um dia após a denúncia do Correio sobre o comércio ilegal de vales refeição e alimentação por empresas que atuam no Distrito Federal, em pelo menos uma delas o esquema fraudulento sofreu alterações ; a reportagem flagrou três locais que servem para o negócio clandestino. O escritório que fica em uma passagem secreta dentro de um provador de roupas, em uma loja de biquínis de Águas Claras, informou que continua em funcionamento. ;Mas não vamos atender a novos clientes. Vamos terminar os (cartões) que estão aqui, os deste mês. Saiu uma matéria no jornal dizendo que é proibido;, confirmou a atendente.

Os outros dois escritórios, identificados no Setor Comercial Sul, ficam a cerca de 600 m de distância. Ambos funcionavam normalmente ontem. O esquema ilegal funciona a partir da troca de uma porcentagem do crédito do benefício. É possível optar por deixar o cartão e a senha no estabelecimento para receber o dinheiro mensalmente ou debitar o valor inteiro no ato e pegar a quantia integral. ;Uma pessoa que conheço sai da L2 Sul para vender o vale aqui no Setor Comercial Sul. Eu entendo a situação, porque sei que, às vezes, eles usam o dinheiro para pagar conta, o aluguel, a mensalidade dos estudos;, afirma o assistente administrativo Bismarckes Costa Silva, 26 anos.

[SAIBAMAIS]O consultor em segurança pública e integrante do Conselho Distrital de Segurança Pública George Felipe Dantas atribui à falta de ação do poder público ao fato de a vítima principal não denunciar. ;Talvez a grande dificuldade do esclarecimento desse tipo de conduta seja a necessidade de apurar um tipo de atividade em que faz parte dela a própria vítima, que é o usuário do cartão do vale-alimentação. É uma espécie de um estupro moral e material, em que o indivíduo quer se resguardar disso;, comentou.

O trabalhador envolvido em troca de vales alimentação ou refeição por dinheiro comete estelionato. As empresas que realizam o comércio ilegal podem responder por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A reportagem tenta obter um posicionamento da Polícia Civil desde a última terça-feira. Ontem, ao ser procurada novamente, a corporação ainda não tinha uma fonte oficial disponível para comentar a denúncia.

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