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Shoppings do DF esperam crescer até 10% em 2017, apesar da crise

Representantes do setor no Distrito Federal estimam crescimento de até 10% para 2017, mesmo com a queda de 0,9% registrada no país. O otimismo é explicado pela liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

Flávia Maia
postado em 13/09/2017 06:00
O Conjunto Nacional confirma alta na venda de eletros:

O mercado de shopping centers começa a apresentar sinais de recuperação. Embora o setor tenha sido um dos menos abalados pela crise econômica, não saiu ileso. De uma sequência de crescimento de dois dígitos, chegou a registrar, no primeiro semestre do ano passado, uma queda de 0,9% em todo o Brasil. Entretanto, o cenário vem mudando. Representantes do segmento apontam que, desde março, as vendas voltaram a crescer, puxadas, principalmente, pela injeção de dinheiro da liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com isso, para 2017, a expectativa nacional é de 7% de incremento no segmento.

No Distrito Federal, os shoppings têm especial importância para o varejo ; recebem quase 12 milhões de visitas por mês. São 20 empreendimentos em todo o território, o que coloca a capital do país como a unidade federativa com a maior quantidade de metro quadrado desses centros comerciais por habitante. ;O DF tem concentração de shoppings porque, ao longo dos anos, regiões tradicionais de comércio de rua, como a W3 Sul, foram sendo enfraquecidas;, analisa Marcelo Martins, superintendente do ParkShopping. ;O comportamento do consumidor de Brasília volta para o shopping pela segurança, pela ambientação térmica e pela variedade de serviços que os espaços oferecem;, complementa.

ParkShopping: consumidores atraídos pela variedade de serviços

[SAIBAMAIS]O faturamento do setor no DF foi de R$ 4,6 bilhões em 2016, 1% a mais do que em 2015. Para 2017, não há uma expectativa local, mas os empreendimentos apostam em crescimentos de até 10%. A injeção do dinheiro proveniente do FGTS deu especial ânimo para os lojistas e para os shoppings. Segmentos como o de eletrônicos foram os que mais sentiram. ;O Conjunto Nacional depende muito de eletro. No ano passado, o setor puxou o shopping para baixo. Neste ano, com o incremento do FGTS, sentimos, desde março, o aumento nas vendas dessas lojas que têm muito valor agregado;, analisa Fernando Marchesi, superintendente do Conjunto Nacional.

Adriana Colloca, diretora de Operações da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), explica que, de março a maio, as vendas e o fluxo de visitas cresceram. Em junho e julho, caíram ; em parte pela instabilidade política ;, mas a confiança vem se recuperando no segundo semestre. ;Os shoppings mais consolidados passaram mais tranquilos do que aqueles em maturação. Mas, em geral, a tendência é de crescimento. Vemos melhoras nos setores de alimentação, lazer, serviços, assim como recuperação de lojas-âncoras;.

Jk Shopping, do Grupo PauloOctavio: aposta fora do Plano Piloto

De acordo com a Abrasce, em todo o Brasil, são 17 inaugurações previstas para 2017. Uma delas é em Brasília, com a chegada do DF Plaza, em Águas Claras, na próxima semana. Outros grupos empresariais traçam metas para crescer.

O grupo PauloOctavio, que administra o Brasília Shopping, Terraço, Taguatinga Shopping, JK Shopping e tem participação no Iguatemi, apostará em shoppings de vizinhança fora do Plano Piloto. ;O mercado do Plano está saturado. Para nós, o futuro está nos shoppings menores e nas cidades satélites. Esse movimento de ;interiorização; ; coloco entre aspas porque não tem interior no DF ; já aconteceu na última década no Brasil;, analisa Edmar Barros, superintendente de shoppings das organizações PauloOctavio.

Receita para crescer

Se há grande oferta de shoppings, a concorrência também é uma realidade. E em tempos de crise econômica, as administrações dos shoppings tiveram de traçar estratégias para manter o cliente circulando, as lojas ativas e a inadimplência dos lojistas em baixa. Conter a vacância era um dos principais desafios, assim como a taxa de turn over ; índice que reflete a troca do mix de lojas. No Brasil, a vacância cresceu. Passou de 2,8% para 4,6%, entre 2014 e 2016, o que preocupa os condomínios de shoppings.

Embora não haja percentual de vacância consolidado no DF, as administrações dos shoppings agiram para evitar as lojas vazias. O Conjunto Nacional, por exemplo, tem 260 lojas e, praticamente, nenhum espaço ocioso. Em 2016, houve a troca de 30 lojas. Segundo Fernando Marchesi, superintendente do empreendimento, no momento de crise, a opção do Conjunto foi entender a situação dos lojistas. ;Seguramos o preço do aluguel e, pontualmente, fizemos descontos para serem pagos depois. Tudo isso para manter a tabela nos moldes pré-acordados com acionistas.;

Para manter os clientes circulando, os shoppings tiveram de atrair os clientes. Os empreendimentos com mix mais heterogêneo ; lojas e serviços ; foram os que conseguiram manter mais fluxo. Por isso, alguns shoppings apostaram na ampliação de serviços, com a instalação de academias, lavanderias e bancos. ;O cliente quer resolver o problema dele em um só lugar. Isso é fruto da dificuldade de locomoção na cidade;, analisa Edmar Barros, superintendente de shoppings das organizações PauloOctavio. ;No momento em que temos um mix mais completo, a gente se torna polo de desejo de consumo. A variedade de serviços também nos dá uma certa ancoragem;, explica Marcelo Martins, superintendente do ParkShopping.

Promoções


Sorteios e promoções do estilo ;comprou-ganhou; também foram estratégias utilizadas pelos empreendimentos na capital. De almofada a cerveja, de caneca a lenço, de carro a moto. ;Não tivemos sensação de corredores vazios. O que percebemos é uma pesquisa maior dos consumidores antes de comprar. O cliente precisava de incentivo. Juntamos isso ao aniversário do shopping para fazer promoção quase todos os meses em 2016;, diz Marchesi.

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