Cidades

Família luta para conseguir transferência de rapaz espancado para UTI

Agredido na madrugada do último domingo em um bar de Vicente Pires, jovem de 21 anos está em estado grave e aguarda abertura de vaga no Hospital de Base

postado em 19/09/2017 21:25
Dois dias depois de ser agredido em um bar de Vicente Pires, o jovem identificado pela Polícia Civil apenas como Lucas, 21 anos, ainda aguarda ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele está internado em estado grave desde domingo (17/9), na Sala Vermelha do Hospital de Base (HBDF), e, segundo familiares, apresenta um edema na cabeça.


Uma tia de Lucas que preferiu não se identificar conta que a família precisou recorrer à Defensoria Pública para solicitar a transferência do jovem. Na tarde de hoje, uma equipe de peritos do Instituto de Medicina Legal (IML) ficou de voltar ao HBDF para reavaliar as lesões da vítima. "A cabeça dele dobrou de tamanho e ele está irreconhecível. O hospital seria obrigado a encaminhá-lo para uma unidade de saúde da rede pública ou particular, mas o prazo de 48 horas dado pela Defensoria para que a situação fosse resolvida está sendo descumprido", afirma.

A tia acrescenta que, pelo excesso de pacientes no setor, o médico responsável pelos cuidados de Lucas ainda não foi capaz de emitir um relatório atualizado sobre o quadro do jovem.

[SAIBAMAIS]De acordo com a Secretaria de Saúde, a unidade para qual o paciente aguarda um leito precisa ter suporte neurocirúrgico. Segundo a pasta, por ser referência em neurocirurgia, o Hospital de Base é a única unidade que dispõe de leitos com esse suporte, mas não há vaga em nenhum deles.

A secretaria também comunicou que tenta cumprir todas as demandas judiciais recebidas e que, diante do surgimento de vagas, os pacientes da fila são reavaliados e os mais graves, priorizados.

"Todos os pacientes regulados para vaga em UTI são inseridos em uma fila única e direcionados ao primeiro leito que surgir, independente da unidade onde esteja internado. A regulação avalia todos os pacientes e prioriza aqueles com quadro clínico considerado mais grave", informou a nota.

A Defensoria Pública afirmou que não obteve acesso aos dados do processo para divulgar mais detalhes.
Câmeras de segurança do bar mostram momento em que rapaz esconde narguilê do estabelecimento. Polícia ainda apura o caso

O caso


Na noite do último domingo (17/9), Lucas estava com outros três amigos em um bar hookah de Vicente Pires. Após serem acusados de terem furtado um dos narguilês do estabelecimento, o rapaz e um dos amigos do grupo foram agredidos, supostamente por funcionários do local.

Enquanto o amigo procurava ajuda, Lucas permaneceu desacordado em uma área próxima ao bar e precisou ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os dois foram encaminhados ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e, durante o trajeto, Lucas teve três paradas cardíacas.

Pela impossibilidade da realização de uma tomografia no HRC, o jovem teve de ser transferido ao Hospital de Base, mas, segundo familiares, o deslocamento do paciente só aconteceu cerca de 10 horas depois da entrada no Hospital de Ceilândia.
Na segunda-feira (18/9), o dono do bar contestou ao Correio a versão dada pela família do rapaz. Segundo ele, o jovem foi encontrado a 500 metros do bar. O proprietário nega que funcionários agrediram o estudante, mas mantém a acusação de que ele furtou o narguilê do local. Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram o momento do furto.
A Polícia Civil informou que a ocorrência foi registrada na 12; Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) como crime de lesão corporal e exercício arbitrário das próprias razões. A investigação do caso seguirá sob responsabilidade da 38; DP (Vicente Pires).

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