Cidades

Traficantes cobravam com armas moradores de área grilada, diz polícia

Investigações mostram que associação de moradores lucrou até R$ 2,2 milhões ilegalmente. Funcionário da Administração de Ceilândia está entre os presos

postado em 28/09/2017 13:32
Presos foram levados a outra delegacia para evitar represálias ou conflitosA organização criminosa desarticulada pela Polícia Civil, nesta quinta-feira (28/9), usava traficantes armados para garantir o pagamento dos lotes parcelados ilegalmente. A Operação Confraria, deflagrada no início da manhã, prendeu 10 pessoas acusadas de fazer parte de esquema ilegal de grilagem de terras na Quadra 702 do Setor Habitacional Por do Sol, em Ceilândia.


[SAIBAMAIS]De acordo com o delegado da 23; DP, Victor Dan, a Associação de Moradores do Setor Habitacional Pôr do Sol teve lucro de mais de R$ 2,2 milhões. A entidade sobrevivia com doações e por meio dos valores cobrados pelos lotes. ;Os moradores da área grilada acreditavam que o local seria regularizado. Caso não fossem, eles achavam que a associação os mudaria de lugar;, explica.

Entre os 10 presos nesta manhã, estava Alisson Borges, líder da associação de moradores do bairro. De acordo com a polícia, ele era o responsável por parcelar e revender lotes na região, além de cobrar até R$ 3,5 mil pelos barracos. Quem não pagasse recebia ameaças de 15 traficantes armados na porta de casa. A investigação não concluiu qual a dimensão da grilagem de terra, mas estima ocupação de 173 lotes.

Prisões

Por causa da dimensão do caso, a 23; Delegacia de Polícia (P Sul), responsável pela investigação, transferiu os presos para a 38; DP (Vicente Pires). A mudança, segundo a Polícia Civil, deve-se ao risco de represálias e conflitos com presos de outras celas em Taguatinga e Ceilândia.

Além do líder comunitário, a operação prendeu dois policiais militares que estariam atrapalhando as investigações. Em resposta ao Correio, a Corregedoria da Polícia Militar disse que ambos ;responderão individualmente por seus atos nas esferas criminal e administrativa;.

Há, também, suspeita de envolvimento de um servidor público da Administração Regional de Ceilândia no caso. Assim como os militares, o funcionário é acusado de atrapalhar o inquérito da Polícia Civil. A corporação não forneceu detalhes do cargo.

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