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Para divulgar o cicloturismo, brasiliense vai pedalar até a Patagônia

O brasiliense André Maurício preparou-se - física e psicologicamente - para atravessar a região argentina e chilena de bicicleta

Marcelo Cardoso *
postado em 27/10/2017 06:00
Detalhe para o equipamento que o brasiliense vai levar: 22kg de material, o suficiente para completar a aventura

De Brasília a Porto Alegre. Do Rio de Janeiro à capital argentina, Buenos Aires. Da sede do governo alemão, em Berlim, à principal cidade da Rússia, Moscou. Saindo de Paris, na França, 2.500 quilômetros seriam suficientes para atravessar 10 países europeus e chegar a Istambul, na Turquia, no leste do velho continente. Captou a distância? É isso que o brasiliense André Maurício de Souza, 47 anos, pretende percorrer de bicicleta, em menos de dois meses. Tempo suficiente para cruzar a Patagônia, região que abrange quase um terço dos territórios da Argentina e do Chile, ou seja, cerca de 800km;. Saindo de Puerto Montt, no Chile, a aventura começa neste domingo e deve terminar no Natal, quando a família o esperará em Ushuaia, no extremo sul da Argentina.
A distância assusta, mas, segundo André, é a menor das preocupações da viagem. ;Estou muito seguro quanto à parte física. Minha meta é percorrer 47km por dia. Aqui em Brasília, nos treinamentos, costumo fazer mais de 100km;, afirma. O que o amedronta, então, é o receio da solidão e a incerteza quanto ao que a natureza guarda para ele. ;A parte psicológica, com certeza, será a mais difícil. Passarei noites sozinho, no meio do nada. Montar um acampamento e conseguir ter sono para descansar para o dia seguinte é o que mais me preocupa;, conta.

[SAIBAMAIS]Do calor recorde das últimas semanas no DF, o assessor civil da Polícia Militar do DF poderá enfrentar temperaturas abaixo de zero e muita chuva na Patagônia. Da fauna saem os lobos-guarás característicos do cerrado local para os pumas ; felinos selvagens comuns na região platina. ;Nunca houve registro de ataques a ciclistas lá, mas sempre fica o medo;, ressalta. ;Muita gente paga para ir à Patagônia ver puma e não consegue. Eu, que não quero, vou ver?;, brinca.

Para divulgar a viagem, André criou a página virtual Patagônia 2.500, atualmente com quase 250 curtidas no Facebook. O objetivo é retratar o dia a dia da aventura e incentivar a prática do cicloturismo por mais pessoas. ;A bicicleta é uma excelente ferramenta para você conhecer outros lugares. Em outros países, essa prática é bastante difundida. Minha ideia é ampliar isso também aqui no Brasil;, argumenta. Além das postagens, um documentário será produzido ao fim do passeio e, a cada três dias, André contará um pouco do que enfrentou na viagem aos seguidores do Correio nas redes sociais.


Do plano à realidade


Pedalar na Patagônia foi uma ideia que surgiu pela primeira vez há cinco anos. Apaixonado pelo snowboard ; uma espécie de skate sobre a neve ;, André costumava ir com a esposa e os amigos praticar o esporte no frio da região. ;Esperava o ano para chegar as férias e ir para lá. Eu me pegava contemplando a paisagem e pensando: ;Cara, deve ser muito bom pedalar aqui;. Daí, a ideia foi virando plano, e o plano, realidade;, conta.

A aventura, a princípio, seria em dupla. André chegou a comprar uma carreta que pudesse ser puxada por uma bicicleta em sociedade com o então parceiro. O amigo desistiu. O objeto acabou esquecido. O sonho, porém, permaneceu. ;Quando vi que não daria certo para ir em dupla, comecei a planejar a viagem sozinho. A ideia no começo era percorrer a Carretera Austral (costa leste chilena, com 1.240km). Depois, com a sugestão do meu chefe, expandi para 2.500km;, lembra.

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