Cidades

Pré-candidatos ao Buriti buscam apoio de políticos na corrida para 2018

Em uma disputa sem favoritos, apoio de políticos como Reguffe, Cristovam, Arruda, Lula, Bolsonaro e Filippelli é cobiçado pelos pré-candidatos do Distrito Federal

Ana Maria Campos
postado em 05/11/2017 08:00
Eles não vão concorrer ao Palácio do Buriti, mas são personagens da política que poderão ajudar a decidir as eleições no DF. São os cabos eleitorais dos candidatos que dão credibilidade, visibilidade, prestígio ou se apresentam como avalistas de uma futura gestão. Em meio a uma disputa em que ninguém desponta como favorito, um aliado popular pode fazer toda a diferença. Um dos parceiros mais cobiçados é o senador José Antônio Reguffe (Sem partido/DF), campeão de votos em 2014. Com projeção no cenário nacional e passado limpo, Cristovam Buarque (PPS/DF) também chega a uma campanha com condições de ajudar. Fora do páreo por conta da Lei da Ficha Limpa, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) é o aliado desejado pelo grupo de oposição ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB), porque firmou a marca de realizador, com obras e projetos.
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Mesmo os adversários de Reguffe admitem: se o senador fosse candidato ao governo, seria praticamente imbatível no quadro atual. Todas as pesquisas indicam esse cenário, até como um desdobramento do pleito de 2014, quando teve 826,5 mil votos, 14,5 mil a mais do que Rollemberg conquistou no segundo turno para chegar ao GDF. Reguffe, no entanto, repete que vai cumprir o mandato de senador até o fim. Não vai concorrer a nenhum cargo no DF em 2018.

Mas isso não significa que ele estará fora das eleições. Reguffe pode influenciar com seu prestígio. Resta saber em qual palanque vai subir. O senador, que está sem partido há mais de um ano, não se identifica com os nomes até agora apresentados como potenciais concorrentes.

Com Rodrigo Rollemberg, ele até tem uma relação pessoal. Costuma dizer que o governador é uma pessoa de bem, mas o problema fundamental é não ter cumprido os compromissos que lhe fez durante as negociações para as eleições de 2014. Os dois fecharam um acordo em troca de dois pontos fundamentais: corte expressivo dos cargos comissionados e redução dos impostos sobre medicamentos por meio do programa Nota Legal.

Rollemberg argumenta que diminuiu comissionados e não implantou o programa relacionado a medicamentos por falta de condições financeiras para abrir mão de receitas, sem comprometer salários de servidores. Agora, no entanto, a situação é mais confortável com a aprovação da fusão dos fundos de Previdência.

Reguffe será um grande cabo eleitoral também pelas posições que adotou no mandato, ao abrir mão de despesas e pelos votos. Foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff, mas também defende o prosseguimento das denúncias contra o presidente Michel Temer. Mas ele não deve declarar apoio a um candidato sem as mesmas contrapartidas exigidas de Rollemberg. Se não surgir um nome novo, limpo e identificado com seu mandato e trajetória política, é bem possível que Reguffe fique neutro em relação à sucessão de Rollemberg.

Esse não deve ser o caso do senador Cristovam Buarque. Ele também teria chances de se eleger governador, mas esse é um projeto abandonado desde a derrota para Joaquim Roriz há 19 anos, na disputa de 1998. Ele já nem queria concorrer a novo mandato no Buriti, mas foi pressionado pelo PT, seu partido à época.

No páreo agora para renovar o mandato de senador ou mesmo se conseguir viabilizar seus planos de concorrer à Presidência da República, Cristovam terá um candidato ao GDF. Será sua primeira eleição sem o apoio da militância do PT, com quem esteve em 1994, 1998, 2002 e 2010. Na verdade, será a estreia de uma candidatura com o PT contra. Cristovam é rejeitado por petistas, mas cortejado para alianças com outras siglas.

Ele e Reguffe ainda estão no radar de Rollemberg. Para o projeto de reeleição, o jogo ainda está começando. A primeira cartada foi a aproximação com o PSDB, efetivada com a posse da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia na secretaria especial de Políticas Estratégicas. A aliança no governo não garantiu o apoio dos tucanos em 2018, mas embaralhou a pré-candidatura do presidente regional da legenda, o deputado Izalci Lucas, ao Buriti.

Entre os próximos passos de Rollemberg, está uma tentativa de reaproximação com Reguffe e com Cristovam, com quem o governador esteve nas duas últimas campanhas. ;São aliados históricos;, aposta um aliado de Rollemberg.

Cacife

Na estratégia de campanha, vale o olhar do cidadão. Por isso, apesar do desgaste pela Operação Caixa de Pandora, Arruda tem consolidado um cacife eleitoral que não se pode desprezar. É o que mostram pesquisas de opinião à mão das equipes dos pré-candidatos. É um segmento fiel que o segue desde o início de sua trajetória e que se ampliou com o tempo. ;Ele tem muito prestígio em vários locais e uma habilidade grande para convencer o eleitor;, analisa o marqueteiro de um pré-candidato.

Nos bastidores, Arruda tem participado da discussão sobre candidaturas. Na semana passada, ele foi procurado em casa pelo presidente do PTB/DF, Alírio Neto, com o convite para lançarem juntos uma chapa ao GDF. A mulher do ex-governador, Flavia Peres Arruda, seria a vice de Alírio. O casal não disse nem sim, nem não. Ofereceu café e pão de queijo e deixou a resposta para 2018.

Nos planos de Arruda, está a eleição de Flávia como deputada federal. Na última campanha, como vice na chapa de Jofran Frejat (PR), ela demonstrou desenvoltura e a dupla foi para o segundo turno contra Rollemberg. Apesar dessa prioridade, Arruda deve ajudar um dos candidatos de seu grupo no corpo a corpo de campanha, como cabo eleitoral nas áreas em que tem popularidade.

Com a visão estratégica, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli também é um cabo eleitoral disputado. Ele desistiu do projeto pessoal de concorrer ao GDF depois de ter o nome envolvido nas denúncias de desvios de recursos e superfaturamento do estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, apontados na Operação Panatenaico. Mas ainda mantém poder político.

Filippelli comanda o PMDB e também o PP. Terá, com isso, tempo de televisão para exibir seu candidato ao GDF, provavelmente o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) Ibaneis Rocha, que assina ficha de filiação na sede nacional do partido no Congresso na próxima quarta-feira. Filippelli será candidato a deputado federal.

Justamente por causa dessa força do PMDB, que ainda conta com o poderio da máquina do governo federal, o anúncio da entrada de Ibaneis no partido incomodou outros integrantes do grupo contrário à reeleição de Rollemberg que vinha se reunindo para tentar montar uma coligação única. Ficou a impressão de que Ibaneis e Filippelli definiram o cabeça de chapa.

Nomes nacionais

Como potenciais cabos eleitorais, estão ainda os presidenciáveis. Os pré-candidatos ao Buriti apostam na carona da popularidade de políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Jair Bolsonaro, que lideram pesquisas e duelam em posições antagônicas.

Na última reunião da executiva regional, os petistas de Brasília definiram como meta para os próximos meses fortalecer no DF a provável candidatura de Lula, que está em peregrinação pelo país. Apesar das condenações judiciais de Lula, tudo o que os petistas desejam é tê-lo em comícios durante a campanha.

O mesmo ocorre com Bolsonaro. Líder da bancada da bala, o deputado Alberto Fraga (DEM/DF) tem se apresentado como o candidato ao GDF com apoio do polêmico parlamentar que aparece forte no eleitorado do DF, embora ostente também uma rejeição alta. ;Tenho o apoio do Bolsonaro e isso não é pouca coisa;, frisa Fraga.

A força dos aliados é relativa. Mas estrategistas apostam que uma boa recomendação associada a uma campanha eficiente pode resultar em vitória nas urnas. Foi o que ocorreu, por exemplo, com o tucano João Doria, na prefeitura de São Paulo. Ele ganhou pelo desempenho pessoal, mas inflado pelo engajamento em sua campanha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

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