Cidades

Tragédia em Alexânia: "Tenho pavor de entrar na sala", diz professora

Testemunha do assassinato de Raphaella Noviski, a professora Greice Kelly de Carvalho Chagas relatou como foram os momentos dentro da sala de aula durante no dia em que o assassino Misael Olair invadiu o colégio 13 de Maio

Ricardo Faria - Especial para o Correio
postado em 16/11/2017 16:46
Ato ecumênico marcou volta às aulas no colégio de Alexânia em que aconteceu o crime
"Ainda tenho pavor de entrar na sala e achar que vai acontecer de novo", esse é o sentimento da professora Greice Kelly de Carvalho Chagas. Testemunha do assassinato da jovem Raphaella Noviski, 16, a docente falou com o Correio na manhã desta quinta-feira (16/10), durante o ato ecumênico que marcou a volta às aulas no Colégio Estadual 13 de Maio, em Alexânia, sobre a tensão vivida na manhã do dia 6 de novembro.
Segundo Greice, a aula transcorria naturalmente, quando o suspeito, Misael Pereira Olair, invadiu a sala de aula, procurando pela adolescente. ;Ele (Misael) entrou todo ;tampado;, descalço, com máscara. Achamos que era uma brincadeira;. No momento da ação do suspeito, a professora relatou que pensou se tratar de um trote de algum aluno do 3; ano. ;Aqui na escola temos alunos do mesmo tamanho. Ele entrou olhando para todos os alunos com muita frieza, como se fosse pregar uma peça;, revelou.

[SAIBAMAIS]Questionada se tentou impedir os ataques de Misael, a professora negou. ;Não falei nada, esperando a brincadeira acontecer. Os meninos (alunos) também ficaram rindo, brincando, achando graça daquele rapaz encapuzado. Esperando a brincadeira;, detalhou. Segundo a professora, Misael entrou na sala de aula em silêncio, procurando por Raphaella. ;Entrou olhando rosto por rosto, até que chegou a ela;, relembra.

A adolescente costumava se sentar no fundo da sala. A professora detalhou como foi a ação de Misael: ;Quando chegou perto dela, deu meia volta, entrou numa outra fila de cadeiras;. E completou: ;Ele fez um movimento de tentar pegar nela. A Raphaella levantou e se afastou, rindo, e falou ;que susto;, e deu um sorriso. Foi o último sorriso dela;, lamentou.
Nesse momento, segundo a professora, Misael tirou o revólver calibre 32 da mochila e disparou 11 tiros contra a jovem. Indagada sobre como era o comportamento de Raphaella na escola, a professora, com a voz embargada, elogiou. ;Ela era uma menina alegre, carinhosa, excelente aluna. Nunca tive nada do que reclamar;, afirmou.

Entretanto, a professora não sabe como será de agora em diante. ;Ainda tenho pavor de entrar na sala e acontecer de novo. Os alunos também. Não sei como vai ser;, argumentou.
[FOTO1056610]

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação