Cidades

Tumulto e quebra-quebra em Taguatinga interrompem funcionamento do Metrô

Passageiro teria apertado botão de emergência de um trem, o que gerou tumulto a 100 metros da estação Praça do Relógio. Usuários relataram pânico

Mayara Subtil - Especial para o Correio, Lucas Vidigal - Especial para o Correio, Augusto Fernandes, Yasmin Cruz*
postado em 04/12/2017 08:36
Passageiro teria apertado botão de emergência, o que parou o trem e causou a confusão
Um problema técnico no metrô, que causou a paralisação momentânea dos trens no ramal Ceilândia, causou confusão, quebra-quebra e pânico em passageiros na manhã desta segunda-feira (4/12). Com a falha, um dos carros ficou parado no túnel, a cerca de 100m da estação Praça do Relógio, em Taguatinga. A partir daí, perto das 8h10, uma confusão se instalou.

Não se sabe, ao certo, a sequência dos fatos, mas informações colhidas pela assessoria do Metrô e relatos ouvidos pelo Correio apontam que o sistema de ventoinhas do veículo falhou. Os vagões estavam lotados e usuários começaram a se queixar de falta de ar. Quando uma mulher passou mal, um passageiro ligou o sistema de alarme e houve tumulto. As pessoas começaram a quebrar os vidros das janelas e a sair dos carros, ganhando os trilhos, o que forçou o desligamento da energia (veja nota no Metrô-DF abaixo). Muitos passageiros reagiam com revolta e ironia (veja vídeo abaixo), mas há relatos de pânico e de pessoas que caíram no chão dos vagões durante a confusão.


"Avisaram que tinha um trem quebrado à frente e que teríamos de aguardar. O ar-condicionado não estava funcionando, e, no vagão onde eu estava, as pessoas começaram a ficar sem ar. Tentaram abrir as janelinhas, mas era insuportável", descreveu o pintor Natal Antunes Júnior, 53 anos.

Com em um efeito cascata, o atraso nos trens provocado pela confusão piorou a situação. Furiosos com a demora, alguns passageiros quebraram vidros de veículos, danificaram bilheterias e catracas. De acordo com o Metrô/DF, um grupo tentou arrombar o caixa para pegar o dinheiro da passagem de volta. Seguranças e policiais precisaram intervir, mas até a última atualização desta matéria, não havia relatos de prisões.
O Correio teve acesso a vídeos enviados por Natal durante o tumulto. No momento em que as portas do trem se abrem, passageiros gritam e cantam músicas para ironizar a situação. "Isso é Brasil", grita um usuário. Os vídeos mostram também passageiros andando ao lado dos vagões, no escuro, alguns assustados e se sentindo mal. É possível ver, ainda, janelas quebradas.
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Problema técnico interrompeu funcionamento do metrô

[SAIBAMAIS]A estatal afirmou que houve um problema na máquina de chave que faz o alinhamento das rotas dos trens. Isso ocasionou um atraso de ao menos 30 minutos. O Metrô acredita que, por causa da demora, o passageiro ficou com raiva e apertou o botão de emergência na estação Praça do Relógio.

O Metrô-DF também informou que os trens não possuem ar-condicionado, e sim, apenas um sistema de circulação de ar. A estatal afirma que não houve falha nesse equipamento e que a sensação de mudança na temperatura pode ter sido ocasionado pela situação natural de apreensão de alguns usuários, uma vez que o carro estava cheio.

Viaturas do Corpo de Bombeiros estão no local para atender a pessoas no tumulto. Os ramais Samambaia e as linhas entre Águas Claras e Central funcionam de acordo com o horário especial de greve, que chega ao 26; dia. Os três trens com vidro quebrado seguem, nesta manhã, para manutenção. Por volta das 8h49, o funcionamento da linha começou a normalizar.
Na sexta-feira passada (1;/12), um princípio de incêndio assustou passageiros que aguardavam o metrô na estação Águas Claras. Houve, porém, apenas fumaça. Por conta da confusão, o tempo de espera, já elevado por causa da greve dos metroviários, aumentou.

Quebra-quebra surpreende passageiros

Usuários que pegaram o metrô nesta segunda-feira depois do tumulto na estação Praça do Relógio se surpreenderam ao se deparar com a bilheteria danificada. Os caixas só reabriram para que os usuários pudessem comprar os bilhetes e recarregá-los, às 10h10.
A auxiliar administrativa Laís Gomes de Sousa, 25, não podia deixar de pegar o metrô. Ela mora em Simolândia, cidade do nordeste goiano a 269 km do DF e está em Brasília desde sexta-feira (1;/12) para consulta médica. "Eu tive câncer no ovário, mas já fui curada. Mesmo assim, tenho que fazer acompanhamento médico durante cinco anos, aqui em Brasília", relata.

Laís está hospedada na casa da irmã, que mora em Taguatinga, e tem que pegar o metrô para ir em clínicas na Asa Norte e Asa Sul. "Fiquei surpresa ao chegar aqui na estação (Praça do Relógio) e ver a bilheteria quebrada. É a primeira vez que vejo acontecer. Tomara que eu consiga pegar o trem. Não vim de tão longe pra chegar atrasada na consulta."

Leia a íntegra da nota divulgada pelo Metrô-DF

"Na manhã desta segunda-feira (4), um incidente no Metrô Brasília, causado por uma falha em um equipamento, provocou atrasos e interrompeu a circulação dos trens por cerca de 30 minutos.

Com a paralisação, apesar das orientações dadas pelos servidores do Metrô, passageiros acionaram o botão de emergência que abre as portas dos trens, e desceram para a via, nas proximidades da Estação Praça do Relógio.
O Metrô informa que enquanto houver pessoas nas vias o sistema precisa ser desligado completamente para que não ocorra nenhum acidente.
A situação foi normalizada às 8h55. Infelizmente, foram depredados quatro trens, além da bilheteria da estação Praça do Relógio. A empresa informa, ainda, que efetuou o ressarcimento da passagem aos usuários que solicitaram."
*Estagiária sob supervisão de Adriana Bernardes

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