Cidades

Greve do Metrô chega ao 28º dia com prejuízo próximo de R$ 6 milhões

Greve causa transtornos aos usuários e causam prejuízos aos cofres públicos. Justiça não dá prazo para resolver questão

Ricardo Faria - Especial para o Correio, Deborah Novais - Especial para o Correio, Yasmin Cruz*
postado em 06/12/2017 06:12
Tempo de espera por trens chega a ultrapassar uma hora
A greve dos metroviários chega ao 28; dia nesta quarta-feira (5/12). Sem acordo entre a estatal e os funcionários, a população que precisa do transporte público continua a passar por vários transtornos. Enquanto isso, a empresa acumula prejuízos na arrecadação. De acordo com a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), os prejuízos desde 9 de novembro com a greve é de aproximadamente R$ 6 milhões.


[SAIBAMAIS]
No início da manhã, a correria do entra e sai das estações contrastava com o longo tempo de espera pelos trens. O bancário Edward Jácomo, 47 anos, precisou utilizar um aplicativo de transporte para ir ao trabalho, no Setor de Autarquias Norte, durante os primeiros dias de greve. Agora, com a frota de 75% em horários de pico e variação de 12,5 a 50% nos demais, ele voltou a depender do transporte metroviário. ;Moro em Águas Claras justamente por causa do metrô. Com a estação Arniqueiras fechada, tenho que pegar um ônibus para outra plataforma. A espera me faz ter que sacrificar meu almoço;, conta.

O tempo de espera, que chega a uma hora em alguns horários, também é grande fora das estações. Nilda Vitorina de Almeida, 53, é presidente da Associação dos Moradores de Fundo de Quintal do Distrito Federal. ;Eu sempre tenho coisas para resolver em Arniqueiras. Vim para cá às 10h30, mas só vou poder voltar quando a estação abrir. Até lá vou ter que ficar aqui esperando;, comenta a moradora de Ceilândia.

Outro problema é o desrespeito quanto ao uso dos assentos preferenciais dos vagões - destinados a grávidas, idosos, mulheres com crianças de colo e pessoas com deficiência. Com dois filhos no colo, de 11 meses e de quatro anos, a administradora Flávia Costa, 25, ia de Samambaia à estação Central. ;O metrô vai tão lotado que não tem espaço para sentar, e as pessoas não respeitam o lugar preferencial;, destaca.

Prejuízo financeiro e social

Em decorrência da greve, com adesão de 70% dos empregados, cerca de 50 mil pessoas deixam de usar o metrô diariamente, segundo a instituição. Com isso, a empresa perdeu aproximadamente R$ 3,3 milhões por semana nos dias em que o sistema ficou completamente parado, com excessão do fim de semana, quando a média de usuários é menor.
Para o especialista em análise comportamental dos usuários de transporte urbano da Universidade de Brasília (UNB) Pastor Gonzales, a demora em resolver o impasse gera nos usuários um descrédito na mobilidade da capital. ;A prolongação da greve demonstra uma falta de coordenação entre as instituições envolvidas nas negociações."
Segundo ele, o impasse causa um impacto social grande para quem depende do meio de transporte, e uma intervenção do GDF se faz necessária. ;A lei estabelece uma cooperação que não está acontecendo e falta um interlocutor como o governador Rodrigo Rollemberg;, opinou.

Conforme posicionamento do Tribunal do Trabalho da 10; Região (TRT/10), que avalia o caso, não há previsão de mudanças na situação do metrô. Na segunda-feira (3/12), o órgão redistribuiu o processo para o desembargador André Rodrigues Pereira da Veiga Damasceno.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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