Cidades

Com mesmo orçamento, Hospital de Base quer aumentar atendimento em até 50%

Mesmo com orçamento igual ao de dois anos atrás, hospital visa aumentar atendimento em até 50%, por meio de novo modelo de gestão. Comissão vai avaliar relatório quadrimestral do desempenho e dos gastos

Otávio Augusto
postado em 13/01/2018 08:00
Fachada do agora Instituto Hospital de Base: plano prevê 17 mil internações e 1 milhão de atendimentos ambulatoriais acima da média

O Instituto Hospital de Base (IHBDF), que traz nova estrutura de administração ao primeiro hospital do Distrito Federal, começou a funcionar ontem, com o desafio de aumentar o número de atendimentos na principal unidade médica da capital federal. Levantamento do Correio, com base em dados da Secretaria de Saúde, mostra que alguns serviços, como consultas médicas e assistência ambulatorial, deverão ser ampliados em quase 50%. O objetivo é conseguir aumentar a recepção de pacientes com o orçamento de R$ 602 milhões, o mesmo de 2016.

Os principais nomes envolvidos na reforma administrativa do hospital admitem que são metas audaciosas. Ontem, ao comentarem os objetivos do instituto, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, e o diretor-presidente do IHBDF, Ismael Alexandrino, destacaram que os efeitos da mudança de gestão serão ;incrementais;, ou seja, vão ser construídos ao longo do tempo. A previsão, segundo Ismael, é de que, entre três e seis meses, a população sinta os primeiros reflexos.

O volume de atendimentos que o Executivo pretende realizar no IHBDF são expressivos. O governo calculou a média de serviços prestados entre 2015 e 2017 para atingir uma média anual. Com esse número, técnicos da Secretaria de Saúde traçaram as metas. O hospital terá que realizar 1,7 mil internações a mais, 1,5 mil cirurgias eletivas acima da média e aumentar em 1 milhão os atendimentos ambulatoriais (veja Quadro).

Aquisições


Para alcançar os números, no fim da próxima semana, o IHBDF abrirá um processo seletivo para contratar mais de 700 profissionais. Ao mesmo tempo, haverá a compra de insumos, como remédios e itens médico-hospitalares. O governo defende que o novo modelo de gestão traz agilidade aos processos de compra e contratação, pois gera uma economia de tempo e dinheiro, o que facilita o alcance das metas.

[SAIBAMAIS]Ontem, Rollemberg tomou café da manhã com servidores do IHBDF e visitou as instalações do hospital. O governador definiu como ;histórica; a reforma administrativa do hospital. ;Estamos garantindo um modelo de gestão moderno, com agilidade, que permite a compra de remédios, equipamentos e contratações que trazem benefícios aos pacientes. Quem ganha com isso é a população de Brasília;, ressaltou.

O secretário Humberto Fonseca voltou a defender a eficiência do modelo de administração. Ele garante que esse é um passo necessário para a melhoria da saúde pública. ;O Brasil inteiro está buscando novos modelos para entregar saúde de uma forma mais rápida e de qualidade. Sem dúvidas, o IHBDF trará benefícios. O contrato é muito detalhado em metas de desempenho, orçamento, plano de ação e demais detalhes do que deve ser entregue;, ponderou.

O diretor-presidente do IHBDF, Ismael Alexandrino, disse não ter dúvidas de que a reforma administrativa da unidade se tornará alternativa para todo o Sistema Único de Saúde (SUS). ;É um modelo novo e transparente, que trará melhorias significativas e que deve ser ampliado;, reforçou. Ismael disse que, apesar de as metas serem difíceis, elas são possíveis. ;Não é porque mudamos a forma de administrar hoje que as melhorias vão aparecer amanhã;, observou. ;Neste ano, certamente o hospital vai avançar, mas as metas são desafiadoras;, concluiu.

Fiscalização


A Secretaria de Saúde criou uma comissão que avaliará relatório quadrimestrais dos atendimentos e gastos do IHBDF. Todas as contas deverão ser enviadas também para o Tribunal de Contas do DF e para o Conselho de Saúde local. O Ministério Público também terá acesso às informações. Os sindicatos de carreiras da saúde prometem monitorar a unidade e realizar auditorias.

A ideia de Ismael é implementar um método onde as informações fiquem disponíveis para consulta. ;A intenção é que os dados de gastos, compras, contratações sejam publicados na página oficial do IHBDF para que não haja a necessidade de os órgãos de fiscalização cobrarem as informações. Essa é uma das nossas metas: trabalhar com transparência;, destacou.

Rollemberg visitou a unidade ontem: modelo de gestão moderno

Para saber mais


Personalidade de direito privado

O Instituto Hospital de Base (IHBDF) é um serviço social autônomo. Juridicamente, o método é instituído por lei e tem personalidade de direito privado. Normalmente é usado para realizar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos orçamento governamental ou por contribuições parafiscais (fundações, sociedades civis ou associações).

A Secretaria de Saúde criou o IHBDF com o intuito de prestar assistência médica e desenvolver atividades de ensino, pesquisa e gestão no Hospital de Base. A ideia do governo é usar o mecanismo para dar mais eficiência e qualidade aos atendimentos da unidade, com otimização dos custos e processos facilitados de compra de insumos e contratação de serviços e profissionais.

E eu com isso
A reforma que criou o Instituto Hospital de Base não muda as regras de atendimento. As políticas públicas continuam sendo definidas pela Secretaria de Saúde e pelo SUS. O IHBDF segue público, gratuito e só poderá atender a pacientes do SUS. Os atendimentos serão organizados pela Secretaria de Saúde. Os pacientes devem ser encaminhados por outras unidades ou serviços, como o Programa Saúde da Família. Os atendimentos de urgência continuarão da mesma forma.

Mais atendimentos

Confira as metas para o Instituto Hospital de Base

Serviço / Média (2015 a 2017) / 2018 (meta) / Aumento

Internações cirúrgicas - 7.837 - 9.596 - 22,4%
Internações clínicas - 12.043 - 15.646 - 29,9%
Cirurgias totais - 6.694 - 9.273 - 38,5%
Cirurgias Eletivas - 3.814 - 5.368 - 40,7%
Consultas médicas - 20.139 - 30.006 - 48,9%
Atendimentos ambulatoriais - 2.163.130 - 3.191.326 - 47,5%


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