Cidades

Investimento de R$ 275 mi no Metrô-DF promete reduzir lotação e atrasos

Destinação da verba anima os passageiros, que reclamam, principalmente, da superlotação e dos constantes atrasos. Companhia garante mais agilidade nas viagens, mas a verba não será usada na compra de vagões

Augusto Fernandes
postado em 16/01/2018 06:00
Projeto prevê a expansão e a modernização do trecho que leva à Samambaia, com a construção de 3,7km de  linha e duas estações

Mais conforto, mais pontualidade, mais rapidez. É o que esperam os passageiros do metrô do Distrito Federal, após o anúncio da liberação de R$ 275,5 milhões pelo Ministério das Cidades. Do total, o governo local pretende usar R$ 162 milhões na expansão e modernização da linha laranja. Ela tem cerca de 28 quilômetros de extensão, entre a Estação Central e o Terminal de Samambaia. Pelo projeto, serão construídos 3,7km de trilho e duas estações. Como contrapartida, o GFD aportará R$ 16, 3 milhões para as melhorias técnicas, que permitirão diminuir o intervalo entre um trem e outro ; hoje de 3 minutos e 35 segundos, de segunda a sexta-feira, em horários de pico.

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Outros R$ 112 milhões devem ser usados na modernização da linha verde, que liga a Estação Central ao Terminal de Ceilândia. O GDF ainda está na expectativa de receber mais recursos para ampliar o trecho de Ceilândia e construir a primeira estação da Asa Norte. As obras devem começar em julho e terminar em 2021. Esta será a primeira grande modernização desde o início da construção do Metrô-DF, na década de 1990.

Cerca 160 mil pessoas usam diariamente o metrô, que começou a operar em 2001, com o trecho que liga Samambaia a Taguatinga, Águas Claras, Guará e Plano Piloto. Desde então, foram inauguradas 10 estações, sendo a mais recente a do Guará, em 2010. A diarista Maria Barbosa, 55 anos, usa os trens todos os dias. Para ela, o maior problema é a baixa velocidade e as constantes interrupções nas viagens. ;O tempo de viagem é muito grande. Gostaria de mais rapidez. Alguns trens param no meio do trajeto, e isso atrasa ainda mais;, reclama.

Outro usuário, o eletricista Wendel Alves, 35, reclama das instalações e da falta de segurança em algumas estações. ;O policiamento não está em todos os locais. Para um serviço essencial como o metrô, isso é necessário. Também poderia ter banheiros;, observa. Wendel queixa-se também do sistema de ventilação dos vagões. ;Nos horários de pico, todos os vagões ficam lotados. Para quem tem algum problema de saúde, isso é muito ruim, porque o ar não circula direito. Como os trens passam por muitos túneis, nós ficamos confinados. A sensação é a mesma de ficar preso em um elevador. Poderiam colocar ar-condicionado ou outra tecnologia para amenizar esse problema;, sugere.

Joelma Francisca, 41, também critica a superlotação. ;Já vi pessoas passando mal. Poderia ter mais trens, para ser mais confortável para todos nós;, pontua. Há 24 trens para atender as duas linhas. Poucos e lentos, segundo Joelma ;Isso atrapalha o meu horário e me incomoda. Meu chefe fica desconfiado por eu sempre alegar atraso por causa do metrô. Quando estou voltando para casa, também é um problema. Chego cansada. Pagamos caro por um serviço com qualidade ruim;, desabafa. Por sua vez, a secretária Sileia Amorim, 32, relata complicações com o sistema de integração. ;Não são todos os ônibus que têm integração. Uma vez peguei um Grande Circular, na certeza de que ele tinha, mas acabei sendo prejudicada. Além de pagar os R$ 3,50 do ônibus, tive de pagar mais R$ 5 no metrô;, cita.
Vagões antigos

A verba oriunda do Ministério das Cidades também vai ser usada na atualização dos sistemas fixos ; como energia e comunicação ; da linha que leva à Ceilândia, segundo a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF), estatal que administra o transporte. No entanto, não há recurso previsto para a modernização dos comboios.

A companhia alega não haver banheiros públicos nas estações por uma questão de segurança. ;É padrão na maioria das estações de metrô, no país e no mundo. As estações são um terminal de embarque e desembarque de passageiros, e os usuários ficam por um curto período. Quando há extrema necessidade, o empregado pode conduzir o usuário ao banheiro interno. No entanto, não é uma rotina;, explica.

Segurança é prioridade

Tanto o Metrô-DF quanto o Sindicato dos Metroviários afirmam que os trens não podem rodar mais rápido, por uma questão de segurança. ;Os trens operam em uma velocidade padrão, para oferecer segurança aos passageiros que estão nos vagões. Em vias normais, a velocidade máxima é de 80km/h. Em curvas e nas estações subterrâneas, de 70km/h. Não é possível ultrapassar esses limites;, informa o sindicato, por meio de nota.

Pesquisa encomendada pelo Metrô-DF, no ano passado, indica que o índice de satisfação dos usuários com o serviço chega a 85%. Desses, 38,6% dão nota 8. Os quesitos infraestrutura de serviços nos trens e o serviço de transporte em geral foram os que receberam melhor avaliação. A apresentação pessoal dos empregados também é bem avaliada, tendo um nível de 95,2% de aprovação dos usuários. A estação mais bem avaliada é a 112 Sul.

Por outro lado, cerca de 60% dos usuários gostariam da ampliação do horário de funcionamento do metrô aos domingos e feriados, 34,9% pediram a construção e finalização das estações nas asas Norte e Sul e 26,5%, a expansão para outras cidades satélites. Foram entrevistadas 2.926 pessoas, escolhidas aleatoriamente entre os usuários das 24 estações.

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