Lucas Vidigal - Especial para o Correio
postado em 16/01/2018 09:05
Policiais militares encontraram, em uma casa no Itapoã, peças da bicicleta de Arlon Fernando da Silva, morto
em um latrocínio na noite de 7 de dezembro enquanto pedalava em frente ao Palácio do Buriti. Com isso, a Polícia Civil diz já ter certeza da identidade do autor do crime e considera o suspeito, identificado como Daniel Sousa de Andrade, foragido.
O delegado-chefe da 5; Delegacia de Polícia (Área Central), Rogério Henrique Oliveira, confirmou que os objetos encontrados no Itapoã pertenciam à vítima. O rapaz que estava com as peças, Luiz Carlos dos Santos Ramos, 22 anos, foi detido e deve responder por receptação.
De acordo com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil, Daniel de Andrade era o principal suspeito desde o início das investigações e chegou a ser ouvido no dia seguinte ao crime. À época, ele negou a autoria. Porém, agentes conseguiram imagens de circuitos de câmera de segurança em que ele aparece com a bicicleta de Arlon deixando o local do crime em direção à Ponte JK, sentido Paranoá.
Além disso, outras cinco pessoas prestaram depoimento e disseram que viram o suspeito com a bicicleta da vítima. Ao encontrar as peças da bicicleta, a polícia acredita ter colhido todas as provas necessárias para apontar Daniel como autor do latrocínio. O delegado pediu a prisão dele na noite da segunda-feira (15/1), e a Justiça deferiu o pedido por volta da 1h desta terça. Equipes da PCDF e da Polícia Militar começaram, então, as buscas por Daniel.
Antecedentes criminais
De acordo com o delegado Oliveira, Daniel já foi preso por uma tentativa de latrocínio em 28 de outubro de 2015. Na época, ele deu uma paulada em um militar do exército. A vítima, porém, reagiu e baleou o agressor, que chegou a ficar dois meses detido e foi condenado a prisão domiciliar. O crime aconteceu nos arredores do Museu do Índio, mesmo local em que o suspeito surpreendeu Arlon.
Luiz Carlos, o rapaz flagrado com partes da bicicleta, está preso na 5; DP por receptação. Ele não possui passagens e é amigo de Daniel. Segundo a Polícia Civil, Luiz pagou R$ 500 para Daniel pelas peças.
Ele contou à polícia que soube sobre o crime pela tevê e quis devolver o equipamento e reaver o dinheiro. De acordo com depoimento de Luiz Carlos, Daniel teria dito que "matou mesmo" e que não aceitava a devolução, pois "o negócio estava feito".
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Morto no Eixo Monumental
Arlon Fernando da Silva era doutorando em física na Universidade de Brasília (UnB). Ele foi assassinado a facadas em 7 de dezembro do ano passado na ciclovia da S1 (Eixo Monumental), em frente à Câmara Legislativa e a poucos metros do Palácio do Buriti. O jovem voltava para casa, no Sudoeste, de bicicleta, como costumava fazer todos os dias, segundo contam amigos. Ele era considerado reservado e estudioso.
[SAIBAMAIS]De acordo com a PM, Arlon sofreu uma perfuração grave na axila esquerda e outras na mão e no braço. Ele foi encontrado caído ao lado da pista por policiais militares que estavam em três viaturas que se deslocavam para o ginásio Nilson Nelson, onde acontecia um show. O estudante chegou a ser socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital de Base.
O assaltante que matou o pesquisador demorou menos de dois minutos para abordar, esfaquear e levar a bicicleta da vítima. Um vídeo das câmeras externas do Palácio do Buriti, ao qual o Correio teve acesso com exclusividade, mostra o estudante pedalando na ciclovia ao lado do Eixo Monumental, na altura da Câmara Legislativa e em direção ao Memorial JK. A imagem não registra o momento do ataque, mas mostra o criminoso em fuga, com a bike roubada.