Cidades

Brasília é cenário do curta 'Riscados pela memória' com Antônio Pitanga

A obra trata de homossexualidade, afetividade, perda e memória na terceira idade em um enredo sobre vinis

Gabriella Furquim - Especial para o Correio
postado em 29/01/2018 06:45
Gravação do filme Riscados pela Memória
A movimentação fora do comum no Bloco C da 215 Norte chamou a atenção de moradores e comerciantes durante o fim de semana. Cabos, câmeras, tripés, microfones, gravadores e uma equipe de cerca de 30 pessoas trabalhando na parte externa da comercial, que geralmente é pacata, provocaram a curiosidade de quem frequenta o local. ;Estou vendo de camarote como se faz um filme. Não dá para imaginar que há tanta gente trabalhando quando assistimos na televisão;, disse Jaqueline Francisca, atendente da lanchonete ao lado do set.

O curta-metragem Riscados pela memória está sendo rodado desde o início da última semana em um sebo de discos. Durante os dias de expediente, as gravações são feitas à noite. Além da comercial na Asa Norte, o Cine Brasília e um apartamento na Asa Sul serviram como cenários da produção. O filme deve ser finalizado ainda no início deste ano. ;Queremos exibi-lo em festivais nacionais e internacionais;, adianta o produtor do filme, Alisson Machado.

O protagonista da produção que tem Brasília como cenário é o veterano Antônio Pitanga, ator com mais de 50 filmes no currículo. Na televisão, foram cerca de 30 trabalhos, entre novelas e séries. Pai dos atores Camila Pitanga e Rocco Pitanga, ele tem 78 anos e é marido da deputada federal pelo Rio de Janeiro Benedita da Silva. Esta é a segunda vez que Pitanga vem gravar um filme na capital do país. A primeira foi em 1980, quando interpretou Cristo Negro no filme A idade da Terra, do cineasta Glauber Rocha. Na equipe de cerca de 30 pessoas, entre atores e equipe técnica, Pitanga é o único não brasiliense.

Enredo

Riscados pela memória é um melodrama que narra a história do dono de uma loja de vinis antigos, personagem de Antônio Pitanga, que é surpreendido ao comprar um disco para o acervo. O protagonista reconhece a peça com a qual ele tinha presenteado um grande amor há muitos anos. O retorno do disco às mãos do comerciante chega com a notícia de que o antigo dono fora acometido pelo mal de Alzheimer e faleceu. As canções do álbum provocam lembranças e fazem ressurgir sentimentos do antigo relacionamento amoroso.

Na Foto Alex Vidigal, diretor e Antonio Pitanga, ator e pai da atriz, Camila Pitanga

O diretor do filme, Alex Vidigal, espera ;levar para as telas assuntos pertinentes à terceira idade e seu universo;. De acordo com ele, que é professor de audiovisual, o curta-metragem aborda a maneira como o idoso é visto em suas relações pessoais na contemporaneidade, a homossexualidade e a saúde ao refletir sobre o Mal de Alzheimer. Alisson Machado, enaltece a importância do roteiro na formação de um novo olhar sobre a homoafetividade. ;Faremos de tudo para que nosso filme seja exibido em canais de tevê, aberta ou paga;, garante. O roteiro recebeu ajuda financeira do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).

Clássico brasileiro

Trata-se do último e mais polêmico filme do cineasta baiano Glauber Rocha (1939-1981). O drama de 1980, inspirado num poema de Castro Alves, refletiu sobre a situação política e cultural do Brasil no fim dos anos 1970, ao recontar a história cristã, por meio de símbolos e costumes brasileiros, apresentando diferentes versões da figura do filho de Deus. O longa causou grande impacto exatamente por apresentar diferentes cristos: negro, índio, militar, entre outros. Além de Antônio Pitanga, estavam no elenco Tarcísio Meira e Danuza Leão.

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