Cidades

Justiça autoriza quebra de sigilo de motorista que atropelou idosos

Celular de Luciana Pupe vai ser analisado pela perícia da Polícia Civil para avaliar se ela falava ao telefone ou se há mais indícios de que ela passou mal

Lucas Vidigal - Especial para o Correio
postado em 20/02/2018 11:31
Socorro à motorista no dia do acidente: material biológico também está sujeito a análise do IML
Peritos da Polícia Civil vão analisar o conteúdo do celular da mulher que atropelou um casal de idosos no Lago Norte, em janeiro passado. O Tribunal do Júri de Brasília autorizou a quebra do sigilo telefônico de Luciana Pupe Vieira, 46 anos, motorista que atingiu o casal Evaldo Augusto da Silva, 75 anos, e Dulcineia Rosalino da Silva, 72.

O pedido foi feito na semana passada pela delegada-chefe da 9; Delegacia de Polícia (Lago Norte), Mônica Ferreira, e pela Promotoria. Para Mônica, que lidera as investigações do atropelamento, a análise dos dados vai indicar se Luciana falava ao telefone no momento do acidente.

A investigação também vai analisar o material biológico coletado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) para averiguar se a motorista realmente sofreu um mal súbito ao volante, conforme defendido pela família dela. Luciana continua em estado de coma em um hospital particular de Brasília.

A defesa da acusada ainda não teve acesso aos autos da quebra de sigilo telefônico. Porém, o advogado de Luciana, Pedro Coelho, contesta as hipóteses levantadas pela Polícia Civil. "Uma pessoa que está falando ao celular não atinge a 140km/h", comentou, em entrevista ao Correio.

Para Coelho, os investigadores desconsideram o histórico médico de Luciana. "Há mais de um indicativo de que ela teve um mal súbito. Além disso, ela conhecia o trajeto. Estava perto de casa, em uma via na qual dirigia todos os dias", defendeu o advogado.

A delegada Mônica, porém, reforça que os dados do celular podem, inclusive, ajudar a defesa de Luciana. "Podemos ter algumas mensagens que indiquem que ela passava mal", explicou a policial. Em decisão publicada nesta terça-feira (20/2), o Tribunal do Júri obrigou o Hospital de Base a fornecer o prontuário de entrada da motorista. Inicialmente, ela foi atendida na unidade pública.

Motorista vai a júri popular


A mulher deve responder ao Tribunal do Júri por . Isso significa que a acusação entende que a ré assumiu o risco de matar. Um laudo do Instituto de Criminalística (IC) emitido em janeiro revelou que Luciana estava a 140km/h quando atingiu Evaldo e Dulcineia. A velocidade máxima da via é de 60km/h.

No entanto, a própria delegada Mônica Ferreira admitiu, à época, que a motorista não tinha histórico que indicasse a imprudência. "Não há registro de infrações. Ouvimos familiares, amigos e colegas de trabalho. Não tivemos relatos de comportamentos agressivos ou de direção perigosa", afirmou.

Em coma, Luciana não tem condições de responder às acusações. Há, ainda, a possibilidade de que ela fique com sequelas ao recobrar a consciência. "Seria importante que ela se recuperasse para manifestar a própria vontade e para podermos esclarecer as causas do acidente", ponderou Mônica.
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