Cidades

Justiça determina arquivamento de processo sobre morte na DP de Sobradinho

No entendimento da juíza, "o conjunto das investigações conduziu a um quadro compatível com o suicídio". Ela levou em consideração um depoimento de uma das socorristas

Isa Stacciarini
postado em 13/03/2018 20:02
Luís Cláudio foi encontrado morto em 14 de julho na 13ª DP (Sobradinho)A juíza do Tribunal do Júri de Sobradinho determinou o arquivamento do processo que apurava a morte de Luís Cláudio Rodrigues, 48 anos, dentro de uma delegacia. A decisão da magistrada Iracema Canabrava Rodrigues Botelho de encerrar o caso foi tomada na segunda-feira (12/3), quatro dias depois de o perito Jorge Vanrell, professor de Medicina Legal na Universidade de Valencia, na Espanha, contestar o laudo da Polícia Civil que confirmava a hipótese de suicídio.

No entendimento da juíza, ;o conjunto das investigações conduziu a um quadro compatível com o suicídio;. Ela levou em consideração um depoimento de uma das socorristas. Na decisão, a magistrada disse que a profissional confirmou que o pescoço de Luís Cláudio não estava quebrado ;o que, em linha de princípio, confirma a versão de sufocamento".

Como conclusão, Iracema Canabrava observou que "tudo conduz ao entendimento de tratar-se de suicídio por enforcamento. Ademais, não há nos autos, realmente, elementos que apontem para um terceiro, na causa morte, como bem apontado pelo Ministério Público".
A decisão de arquivar o processo gerou revolta na família. Primo de Luis Cláudio, o profissional de tecnologia da informação Eduardo Feitoza, 38 anos, reiterou a visão da família de que o motorista da Caixa foi assassinado. ;Houve a apresentação de um segundo laudo e ele confirma que meu primo não se suicidou. Ele foi morto na delegacia. Assassinado. Isso é um insulto à nossa inteligência;, protestou.

Eduardo acredita que os laudos dos peritos contratados pela família são baseados em elementos técnicos e científicos. ;Existem elementos suficientes de materialidade e autoria. Inclusive testemunhas que estavam registrando outras ocorrências na delegacia na hora em que tudo aconteceu disseram que os agentes públicos estavam bastante revoltados com ele (Luís Cláudio) e o mandando, a todo instante, calar a boca. Depois meu primo entrou na cela e não saiu mais;, reforçou.

Segundo laudo contesta suicídio

A apresentação do novo laudo de um perito contratado pela família ocorreu em 8 de março, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados. Esse é o segundo parecer que questiona a versão da Corregedoria da Polícia Civil.
Em agosto do ano passado, um mês após a morte de Luís Cláudio, a corporação concluiu a investigação e disse que o homem teria tirado a própria vida. Um perito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Leví Inimá de Miranda, constatou, no entanto, que Luís Claudio morreu de ;asfixia mecânia; por estrangulamento, golpe conhecido como mata-leão ou gravata, dentro da 13; Delegacia de Polícia (Sobradinho).
O caso chegou às mãos do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), que fez uma avaliação sobre o parecer técnico do perito. Segundo o MP, um médico da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida) não concordou com parecer do profissional e concluiu que Luís Cláudio teria tirado a própria vida.
A Polícia Civil informou que não cabe à corporação se manifestar sobre decisões judiciais, pois ;as investigações referentes aos fatos foram conduzidas com absoluta isenção pela Corregedoria-Geral de Polícia e encaminhada ao Poder Judiciário com a conclusão de que a vítima, de fato, suicidou-se;, informou, em nota.
O caso aconteceu em 14 de julho de 2017, dentro da 13; DP (Sobradinho). O homem foi levado à delegacia depois de bater em um carro de um policial militar. Segundo consta na ocorrência, ele apresentava sinais de embriaguez.

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