Ciência e Saúde

ENTREVISTA // Antônio Guterres

Cristiana Andrade
postado em 17/12/2009 07:00
Copenhague - Em entrevista ao correiobraziliense.com, António Guterres, alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados, fala sobre os esforços feitos para socorrer populações obrigadas a se deslocar em razão de questões ambientais.

Como está colocada a questão dos refugiados ambientais, hoje, no cenário global?
Muitas pessoas fogem de seu país para outro, ou simplesmente internamente, para outras regiões, por perseguição ou por conflitos ambientais, como ocorre em áreas na África que estão muito secas. E também por outros fatores, como guerras entre tribos, por desastres naturais, por escassez de água.


O que a Organização das Nações Unidas têm feito para minimizar o sofrimento dessas pessoas?
A ONU não tem mandato direto para socorrer pessoas que estejam se deslocando por questões ambientais. Por questões políticas, sim. O que temos feito é chamar a atenção das comissões internacionais para este problema, que está ocorrendo cada vez com mais frequência. Uma ação é oferecer proteção temporária, mas isso não resolve de todo. Estamos empenhados, mas, não tendo o mandato direto, precisamos de encontrar novas formas de proteger essa população.

Quais as regiões do mundo que estão numa situação mais delicada, mais crítica em termos de pessoas afetadas pelo clima que têm de se mudar?
Na África, já temos um projeto que está sendo desenvolvido com resultados positivos. Temos trabalhado com muitas outras organizações, que são parceiros da ONU. Agora, em Bangladesh, se o nível do mar subir 1 metro, veja bem, um único metro, 20 milhões de pessoas vão precisar ser deslocadas de suas casas e cidades. Isso é para te dar um parâmetro da gravidade da situação.

E a seca, tem atingido muitas pessoas?
A seca afetou no ano passado nada menos que 26,5 milhões de pessoas no mundo. Há 20 anos, tivemos 200 desastres ambientais; no ano passado, 400. Esse tipo de colapso ambiental vai ser cada vez mais freqüente e cada vez mais intenso, se não fizermos nada.

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