Ciência e Saúde

Descarte de peixes preocupa especialistas

postado em 26/01/2010 08:20
A criação de peixes ornamentais é uma atividade de lazer bastante popular e costuma atrair adeptos nas mais diversas partes do mundo. Porém, o hobby, que costuma proporcionar sensações de bem-estar, relaxamento e harmonia, pode se tornar um verdadeiro transtorno ambiental, quando as pessoas desistem da prática, e não descarta os animais da maneira adequada. De acordo com o professor André Magalhães, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a prática costuma ser uma crescente fonte de disseminação de peixes não nativos em ambientes aquáticos de diversos países. Dessa forma, pode haver a reprodução desenfreada desses animais, resultando na modificação da fauna local ao longo dos anos.

O simples ato de lançar os peixes criados em aquário em um rio ou lago, por exemplo, pode dar origem a problemas que vão além dos impactos sobre os ecossistemas marinhos e de água doce, colocando em risco a vida das pessoas. Magalhães explica que para se desfazer dos peixes, os aquaristas devem seguir à risca as recomendações feitas por instituições da área ambiental. ;O ideal é que eles sejam doados ou vendidos. Caso isso não seja possível, os animais podem ser sacrificados com o auxílio de anestésicos ou por meio da técnica do congelamento. Por meio desses métodos, não há sofrimento do animal;, destaca o pesquisador, autor de um artigo sobre o assunto com os colegas Newton Pimentel de Ulhôa Barbosa e Claudia Maria Jacobi.

;O interesse dos aquaristas pode ser afetado por problemas como o crescimento exagerado de algumas espécies, entre elas o pacu-de-barriga-vermelha. O comportamento agressivo de outras, como o oscar ou o apaiari, que atacam outros peixes colocados no mesmo aquário, e a morte de exemplares, decorrente de falhas de manutenção, também são algumas das justificativas;, destacam no texto.

Violência
Ao desistirem do hobby, muitos acabam lançando os peixes ornamentais nos rios ou lagos por considerarem o sacrifício dessas espécies um ato violento, mas expor um animal criado em aquário ao ambiente natural pode expô-lo a situações muito mais agressivas. ;As pessoas nem imaginam que, ao serem jogados nos corpos d;água, os animais podem sofrer um mal ainda maior. Descartar esses animais no vaso sanitário também não é a saída, pois o esgoto de algumas cidades acabam desembocando em rios, por exemplo;, destaca.

O confinamento de peixes ornamentais para fins contemplativos é antigo. Segundo os historiadores, o aquarismo remonta aos antigos egípcios e romanos, desenvolvendo-se com mais força na China e no Japão entre os anos 970 e 1279. ;Hoje, o mercado mundial de peixes ornamentais movimenta, por ano, cerca de US$ 3 bilhões. Já a indústria de equipamentos e acessórios para aquarismo, incluindo a literatura especializada, ultrapassa os US$ 15 bilhões;, finalizam os especialistas.

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