Ciência e Saúde

Confira entrevista com o paleontólogo David Berman

Paloma Oliveto
postado em 16/03/2010 08:00
[SAIBAMAIS]O que o fóssil permite dizer sobre o estilo de vida do Fexexia?
A descoberta de uma nova espécie de anfíbio incrementa nosso conhecimento sobre o início da evolução desse grupo: sua diversidade e abundância ou raridade, distribuição geográfica e adaptação à existência terrestre. Ao estudar os sedimentos onde eles estavam, conseguimos determinar suas preferências ecológicas (nesse caso, optar pela vida terrestre) e sua relação com outras famílias próximas de anfíbios.

Pode-se afirmar que a mudança climática foi crucial para a adaptação desses animais à vida terrestre?
Foi apenas no Pensilvaniano Tardio que os anfíbios começaram a se adaptar à vida terrestre. Sua história anterior era caracterizada por uma vida aquática. É típico na evolução de plantas, invertebrados e vertebrados se adaptar e invadir novos ambientes ou ecossistemas quase que imediatamente (do ponto de vista geológico) à ocorrência de novos eventos no planeta, seja para tirar vantagens de novas ou diferentes fontes ambientais ou para se sair melhor na competição com outros predadores. No Pensilvaniano Tardio, habitantes de pântanos carboníferos tomaram vantagem de um novo e emergente ambiente terrestre, enquanto escapavam do encolhimento e da seca de seus ambientes aquáticos devido a uma mudança climática que resultou em condições mais quentes e secas.

Pelo crânio encontrado, é possível traçar amplas características desse animal?
O Fedexia provavelmente tinha a aparência, usando uma analogia moderna, a uma salamandra de mais ou menos meio metro de largura, incluindo um pequeno rabo, e uma pele de textura áspera e granulada. Como todos tetrápodes, o Fedexia possuía dois pares de dentes semelhantes ao canino em cada lado da mandíbula superior, um próximo à ponta do focinho e o outro no nível da órbita. A dentição é um indicador óbvio de seu comportamento predador. É difícil especular sobre a dieta do animal tendo apenas o fóssil como base, mas ele deveria comer grandes invertebrados, como insetos ou mesmo anfíbios menores. O formato do crânio, com os olhos apontados diretamente para fora, reforça a sugestão de que era um predador terrestre. Grandes anfíbios predadores aquáticos tinham crânios mais chapados, com os olhos direcionados mais ou menos para cima, como vemos hoje nos crocodilos.

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