Ciência e Saúde

Técnicas menos invasivas ajudam pacientes que sofrem de hemorroidas

postado em 16/11/2010 08:00

Por constrangimento ou medo, a maioria dos pacientes que sofre com crises hemorroidais posterga ao máximo a consulta a um especialista.


Embora não existam estudos que contabilizem a incidência da doença hemorroidária no Brasil, estima-se que o mal atinja pelo menos 40% da população adulta.

O transtorno envolve o segmento anorretal e ainda carrega consigo uma espécie de estigma, fazendo com que muitos sofram durante anos sem qualquer alento.

O cirurgião Baelon Alves mostra o laser que trouxe alívio para Vera Lúcia, há nove meses sem doresA terapia medicamentosa nem sempre surte efeito, e o pós-operatório desconfortável e dolorido da cirurgia convencional contribui para aumentar ainda mais a resistência em buscar tratamento.

No entanto, avanços da tecnologia e da medicina têm ajudado a resolver sem traumas e sem dor o problema daqueles que não podem contar com outro remédio a não ser o procedimento cirúrgico.

A dearterialização hemorroidária transanal ou THD (sigla em inglês) é um exemplo. A técnica reduz o fluxo sanguíneo nas hemorroidas e corrige o prolapso ; parte saliente da doença ; por meio de uma costura realizada com o auxílio do anuscópio.

O método tem sido utilizado com sucesso em pacientes do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde junho, mês em que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As hemorroidas também podem ser tratadas com o laser, opção não invasiva que tem beneficiado pacientes em todo o Brasil, inclusive em Brasília.

As novas ferramentas otimizam o trabalho de proctologistas e cirurgiões, remediando a doença sem cortes, desconfortos e com a vantagem de uma rápida recuperação.

Quem tem o problema e topa comentar sobre o assunto não esconde: os sintomas gerados pela patologia são extremamente desagradáveis e acabam limitando a vida social da pessoa.

As principais queixas dos pacientes que procuram ajuda são dor, sangramento durante a evacuação e prolapso, que é a saída da hemorroida de dentro do intestino, como se ela também fosse evacuada. ;A doença hemorroidária interfere muito no dia a dia da pessoa.

O sangramento pode provocar anemias, principalmente nas mulheres. Mas o maior incômodo é realmente sentido no momento em que a pessoa precisa defecar.

A cirurgia convencional sempre foi temida e evitada porque o pós-operatório é realmente dolorido;, explica Sidney Klajner, proctologista e cirurgião do Hospital Albert Einstein, que trouxe o THD para o Brasil.


Doença hemorroidária

A doença hemorroidária pode se manifestar internamente ao ânus ou na porção externa dele. Quando há sangramento, o sangue é vermelho vivo e costuma cobrir as fezes. Klajner explica que a THD é uma nova alternativa para a cirurgia convencional, que demanda pelo menos duas semanas de pós-operatório.

Trata-se de um procedimento que não remove a veia hemorroidária. Por isso, não provoca dor. ;Fazemos uma amarração das seis artérias principais que nutrem as hemorroidas de sangue, fazendo com que elas murchem. A costura é feita com fio de sutura a partir de uma região que fica a 2cm da extremidade do reto, local que não apresenta sensibilidade;, esclarece o médico.

A possibilidade de a doença voltar não é nula. Mas essa chance também existe com a cirurgia convencional e depende dos fatores de risco aos quais o paciente está exposto. ;A THD não pode ser feita somente quando a doença é exclusivamente externa. Por precaução, temos realizado o procedimento com anestesia peridural, mas na Itália ele é feito apenas com sedação. O paciente volta em, no máximo, dois dias para suas atividades cotidianas;, acrescenta Klajner. Até o momento, 18 homens e mulheres se beneficiaram da técnica no Brasil.

O advogado Carlos André de Freitas Lopes, 38 anos, foi o terceiro paciente. Ele conta que sofria com a doença desde 2005 e que adiou ao máximo a ida ao proctologista. ;Para nós, homens, é muito constrangedor. Fui ao médico somente porque a situação se tornou insustentável. As hemorroidas estavam sangrando muito;, relata. Ainda assim, o advogado admite que enfrentou a consulta com receios porque desconfiava que o caso era cirúrgico. ;Meu pai também teve a doença e sofreu muito no pós-operatório do procedimento convencional. Eu morria de medo;, justifica.

Quando estava fazendo os exames para a cirurgia, Carlos soube da THD. ;Se sofri por não procurar tratamento quando a doença se manifestou, fui beneficiado pela nova técnica. Um dia depois da cirurgia, estava trabalhando;, diz, aliviado.

Laser
Enquanto a THD não chega a Brasília, os pacientes contam com outro método não invasivo. O cirurgião-geral Baelon Alves lança mão do laser 1470 para remediar a doença hemorroidária. Segundo ele, o procedimento também não requer internação, é feito em ambiente ambulatorial e dura cerca de 15 minutos. ;A anestesia é estritamente local e usamos uma pomada à base de prilocaína. Por meio de um aparelho chamado doppler, fazemos o monitoramento do fluxo sanguíneo. Com ele, também identificamos o vaso a ser bloqueado pelo laser. O paciente é liberado pouco tempo depois;, pontua Alves.


A comerciante Vera Lúcia Ferreira Coimbra, 49 anos, diz que o laser a livrou das incômodas homorroidas que a atormentavam. Ela revela que tentou remediar o problema com a ligadura elástica, procedimento que não deu resultado. ;Esperei por seis meses a máquina do laser chegar ao consultório do meu médico. Não queria passar pela cirurgia convencional. Sei o que minha mãe sofreu. Não me arrependo. Fiquei cerca de uma hora no consultório e saí andando como se tivesse feito apenas uma consulta. O procedimento foi feito há nove meses e desde então não sinto qualquer incômodo;, conta.

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