Ciência e Saúde

Pesquisa da USP usa radiação para deixar mosquito da dengue estéril

postado em 31/07/2012 13:03
São Paulo ; Pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, desenvolvem uma técnica que pode trazer bons resultados para o combate à dengue. Por meio de radiação, eles tornam o mosquito transmissor do vírus da doença, o Aedes aegypti, estéril.

Em parceria com a empresa Bioagri, que fica em Charqueada (SP), os pesquisadores jogam radiação na pupa, como é chamada a fase jovem do inseto, tornando o macho estéril. Com uma baixa dosagem de radiação gama, que tem como fonte o Cobalto 60, o inseto macho fica incapaz de fecundar a fêmea. ;O macho copula com a fêmea ;normal; e ela põe os ovos, mas esses ovos não eclodem;, explica o coordenador da pesquisa, professor Valter Arthur.

Ao liberar massivamente os mosquitos estéreis (produzidos em laboratório) na natureza, de preferência em localidades onde a infestação é maior, os pesquisadores esperam reduzir a quantidade de machos com capacidade de copular, assim eles entrariam em competição. ;A ideia é diminuir a probabilidade do macho normal cruzar com a fêmea normal;, disse. Segundo Valter, a radiação no Aedes aegypti ainda tem a vantagem de se tratar de um método limpo, ao contrário de técnicas nocivas ao meio ambiente, como o uso indiscriminado de insecticidas.

[SAIBAMAIS]Na primeira fase do estudo, concluída em três meses, os pesquisadores conseguiram determinar o nível de radiação para impedir a proliferação do mosquito. O próximo passo será o ;teste de compatibilidade;, quando tentarão o cruzamento dos insetos. ;Não adianta você liberar o inseto estéril e ele não procurar a fêmea ou a fêmea não aceitar o inseto estéril;, explica. A expectativa de Valter é que toda a pesquisa seja concluída em aproximadamente dois anos. Ele destaca que há mais de 30 anos são feitos estudos com radiação em insetos.



O pesquisador esclarece, porém, que a técnica não será capaz de erradicar totalmente a transmissão da doença, ;apenas diminuir a um nível que não seja tão epidêmico.; Por isso, ele alerta que a prevenção à dengue deverá ser mantida. A população, segundo ele, deverá continuar eliminando os criadouros do mosquito, formados em água parada em vasos, garrafas, pneus, caixas d;água, calhas, entre outros. Levantamento mais recente do Ministério da Saúde aponta 472.973 casos confirmados da doença de janeiro ao dia 4 de julho no país. No período, foram registradas 154 mortes.

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