Ciência e Saúde

Sistema de biofiltro diminui emissão de gás metano gerado em aterros

postado em 19/08/2012 18:32
Um sistema de biofiltros que diminui a quantidade de gás metano (CH4) lançado na atmosfera está sendo testado no Aterro Sanitário de Campinas, a 85 quilômetros da capital paulista. O projeto desenvolvido pela Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) lança uma cobertura de bactérias no aterro que filtra o CH4 produzido pelo lixo, transformando o gás poluente em água e gás carbônico. O processo biológico de oxidação do metano diminui até 50% a emissão do gás de efeito estufa.

O professor Fernando Marinho, coordenador da pesquisa, destaca que o gás carbônico é 21 vezes menos potente para gerar efeito estufa que o metano. ;A ideia é estudar qual a eficiência desse processo para que ele possa ser usado na cobertura de aterro de resíduos sólidos, seja ele sanitário ou não;, explicou. Segundo ele, a solução pode ser adequada, sobretudo, para diminuição das emissões de poluentes em lixões, tendo em vista que, mesmo desativados, eles continuarão a produzir gases.


O pesquisador esclarece que o processo biológico de oxidação do metano foi descoberto há anos e já é amplamente difundido. A novidade dos estudos brasileiros está na aplicação em campo da tecnologia. ;A maioria dos estudos eram feitos em laboratório. Iniciamos em 2004, juntamente com uma universidade canadense, os estudos em campo;, disse.

[SAIBAMAIS]Mesmo em aterros onde o gás é coletado e utilizado na geração de energia, parte do metano foge para a atmosfera, informou o professor. ;Cobrindo o aterro com o biofiltro, a pequena parcela que escaparia é transformada em gás carbônico;, destacou. Ele acredita que a combinação de aterros que coletam o gás e utilizam o filtro diminuiria ainda mais a emissão dos poluentes.

Marinho estima que a redução da emissão, com esse projeto, varia entre 20% e 50%. ;[Quantificar] é um dos aspectos mais difíceis da pesquisa, porque a oxidação é muito dependente da condição atmosférica. Em uma semana pode oxidar muito, na outra, pode estar oxidando mais;, esclareceu. Ele informou que esse procedimento ainda está sendo estudado. A partir do cálculo da quantidade de metano que deixa de ir para a atmosfera, o sistema de biofiltro poderá gerar créditos de carbono.

Além do aterro em Campinas, o projeto já foi desenvolvido em Caxias do Sul (RS) e começa a se expandir para outras cidades, entres elas o Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Ainda não há previsão, no entanto, para uma larga difusão do biofiltro. ;Estamos desenvolvendo a pesquisa e fazendo a divulgação. Aqueles municípios que se interessarem, nós daremos assistência. É uma iniciativa dos municípios;, propõe o pesquisador.

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