Ciência e Saúde

Cerca de 40% da população brasileira têm intolerância à lactose

Existe diferença entre intolerância alimentar e alergia, que é uma reação imunológica descontrolada do organismo a alguma substância

postado em 30/05/2013 11:55
Leite, queijo, iogurte e manteiga são alimentos facilmente encontrados na mesa dos brasileiros, mas para cerca de 40% da população podem trazer náuseas, diarreia, excesso de gases, dor de estômago entre outros incômodos. Isso acontece devido a uma incapacidade que essas pessoas têm de digerir lactose, o açúcar do leite. É a intolerância à lactose. Existe diferença entre intolerância alimentar e alergia, que é uma reação imunológica descontrolada do organismo a alguma substância Para digerir esse açúcar, o organismo precisa produzir uma enzima chamada lactase, que divide o açúcar do leite em glicose e galactose. A incapacidade de produzir a lactase pode ser genética ou ocasionada por algum problema intestinal que a interrompe temporariamente. De acordo com Ricardo Barbuti, gastroenterologista membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia, a capacidade de produzir a lactase é geneticamente determinada. %u201CQuem tem a predisposição para produzir menos enzimas, na medida em que o tempo passa, vai perdendo a capacidade de digerir a lactose. Todo mundo que tem geneticamente uma intolerância, tem uma má absorção de lactose, mas isso não causa sintomas sempre%u201D, disse Barbuti. Há países, como o Japão, em que praticamente toda a população tem essa característica. O especialista explica que geralmente os sintomas aparecem entre meia hora e uma hora depois da ingestão do leite ou derivados, como chocolate, sorvetes, leite condensado, creme de leite, iogurte, manteiga, pudins e queijos. Barbuti ressalta porém, que isso depende do grau de intolerância à lactose e de quanta lactose tem o alimento ingerido. %u201CQueijos quanto mais duros, menos lactose. Um parmesão, por exemplo, tem pouca lactose, enquanto um queijo mais mole tem mais lactose%u201D explicou o especialista. O Iogurte, por exemplo, tem menos lactose, já que o leite é fermentado e, no processo de fermentação, as bactérias consomem a lactose. Já para Simone Rocha, nutricionista presidente da Associação de Nutricionistas do Distrito Federal, outro fator que pode causar intolerância alimentar de qualquer tipo, inclusive à lactose, é a superexposição a determinado alimento. %u201CA superexposição pode causar intolerância, porque você come tanto que o seu organismo não consegue produzir enzimas para quebrar tudo%u201D, explica Simone. De acordo com Barbuti, as pessoas estão tendo mais acesso ao diagnóstico de intolerância à lactose. %u201CO médico está mais atento a esse problema. O exame mais comum, que é o teste sanguíneo, é de fácil execução e está mais disponível à população, inclusive pelo SUS [Sistema Único de Saúde]%u201D, avaliou o especialista. Ele conta que existe ainda um teste genético, em que os genes do paciente são estudados para saber se existe carga para a intolerância, porém este exame está disponível em pouquíssimos lugares no Brasil. O especialista ressalta que existe diferença entre intolerância alimentar e alergia, que é uma reação imunológica descontrolada do organismo a alguma substância. Para quem tem intolerância à lactose e faz questão de continuar consumindo derivados do leite, Barbuti explica que existem no mercado comprimidos de lactase. No Brasil, a lactase é encontrada apenas nas farmácias de manipulação, pois, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a enzima lactase é um medicamento de origem biológica. Em outros países, no entanto, a enzima é considerada alimento e tem venda liberada em farmácias e supermercados. Segundo a agência reguladora, ainda não há, no país, interesse das empresas em desenvolver o produto para vendas nas farmácias. Outra alternativa para não passar mal ao ingerir derivados de leite são os probióticos, %u201Cas bactérias do bem%u201D, que quando tomadas continuamente podem melhorar a digestão da lactose. Estes recursos são especialmente importantes para mulheres que já passaram pelo período da menopausa e precisam ingerir derivados do leite para absorverem cálcio.

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