Ciência e Saúde

Poucos avanços são registrados na luta contra o câncer de bexiga

Segundo especialistas, nos últimos 50 anos, quase nada foi estudado e desenvolvido para o tratamento e o diagnóstico de tumores em um dos principais órgãos do sistema urinário. A doença mata em média 3 mil brasileiros anualmente

Bruna Sensêve
postado em 15/02/2014 08:00
São Francisco (EUA) e Brasília ; O urologista norte-americano John Arthur Taylor iniciou sua fala no Simpósio de Cânceres Geniturinários de 2014, em São Francisco, com uma história pessoal. Disse que sempre é questionado sobre a motivação para estar em constantes idas e vindas do laboratório para a clínica. A explicação, segundo ele, estaria na fotografia da avó, exibida no primeiro slide da apresentação. Ela e um colega estão sorridentes, com cigarros acesos nas mãos durante o café da manhã. O péssimo hábito levou a matriarca ao diagnóstico ; anos após a foto ter sido tirada ; de câncer na bexiga. Em 1963, a evolução da doença fez com que a avó de Taylor fosse submetida a uma cistectomia radical, a retirada completa do órgão. ;Se ela estivesse viva, estaria chocada, assim como eu fico muitas vezes ao saber que o neto realiza em pacientes a mesma cirurgia, com pouquíssimas diferenças da que ela foi submetida há 50 anos;, lamenta Taylor.

O evento, no início deste mês, foi promovido como parte do Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e Taylor é professor associado do Instituto para Ciência Clínica e Translacional de Connecticut, nos Estados Unidos, especializado no tratamento de tumores na bexiga e pesquisador de avanços terapêuticos na área. Diferentemente da evolução pela qual passaram outros tipos de câncer mais incidentes, como os tumores de próstata e de mama, o desenvolvimento científico de novas propostas para tratamento e diagnóstico dos males que atingem um dos principais órgãos do sistema urinário esteve a passos vagarosos, senão praticamente estacionado.

A principal consequência dessa aparente inércia atinge diretamente os pacientes, que têm poucas opções após a confirmação da doença. Em casos mais graves, nos quais as células cancerígenas alcançaram o tecido muscular, pode ser necessária a retirada completa do órgão, como aconteceu com a avó do urologista palestrante, o que promove a queda vertiginosa da qualidade de vida do paciente. O atraso na evolução do tratamento é exemplificado por Taylor quando compara as taxas de sobrevivência da doença na bexiga com a correspondente na mama.

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