Ciência e Saúde

Estudo indica que ossos mais fracos são resultado da evolução

Ao analisar ossadas humanas dos últimos 6 mil anos, antropóloga do Reino Unido detectou a ocorrência de perda da força óssea ao longo do tempo. Segundo ela, o fenômeno foi provocado pelo advento da agricultura

Isabela de Oliveira
postado em 20/04/2014 07:00
Esqueleto de 5 mil anos analisado no estudo britânico: a caça para a sobrevivência demandava uma estrutura corporal mais forte
Para os homens que viveram quando o alimento vinha da caça, a inteligência não bastava. Não raro usavam a força e a velocidade para obter comida e manter longe uma das maiores ameaças daquele tempo: a fome. Resultados de pesquisa da Universidade de Cambridge (UC), no Reino Unido, indicam que o condicionamento físico desses caçadores-coletores era de fazer inveja a qualquer maratonista moderno. Segundo Alison Macintosh, autora do estudo, as diferenças têm ficado cada vez maiores. Após analisar esqueletos de pessoas que viveram na Europa Central durante um intervalo de 6 mil anos, ela constatou que a população perdeu força óssea. A pesquisadora acredita que o advento da agricultura e da tecnologia atrelada a ela está ligado a esse processo contínuo de enfraquecimento.

Os ossos podem ser comparados a arquivos pessoais, informam o sexo, a alimentação, a causa da morte e até mesmo o nível de sedentarismo de um indivíduo. Essas pistas são especialmente valiosas para antropólogos como Macintosh, doutoranda da UC. Os segredos revelados por dezenas de ossadas permitiram que ela investigasse, sobre o ângulo da arqueologia, como atividades corriqueiras modificaram a morfologia do esqueleto. ;Eu sou corredora há 15 anos e, por isso, acho interessante pensar sobre como esse tipo de exercício pode ter impactado os meus próprios ossos durante meu crescimento;, complementa. Os resultados do estudo foram apresentados na Reunião Anual da Associação Americana de Antropólogos Físicos, que ocorreu no Canadá, entre 8 e 12 deste mês.

Durante dois anos e meio, Macintosh investigou como, há mais ou menos 5,3 mil anos, a aurora da agricultura alterou a força óssea das populações estabelecidas às margens do Danúbio, na região que hoje engloba Alemanha, Hungria, Áustria, República Tcheca e Sérvia. Os esqueletos mais antigos pertenceram a pessoas que viveram há 5,3 mil a.C., enquanto os mais recentes datam de 850 d.C. Os exemplares foram submetidos a investigações com escâneres a laser, que geraram, no computador, modelos 3D de dois ossos dos membros inferiores: o fêmur e a tíbia.

As análises nas tíbias indicaram que a força dos homens diminuiu gradativamente. Para se ter uma ideia, a diferença de força óssea entre os gêneros já era quase insignificante em meados de 850 d.C, na Idade do Ferro. Macintosh justifica que o fenômeno é resultado da redução de mobilidade provocada pela agricultura, especialmente entre os homens. Corridas e outras atividades de impacto que melhoram a força óssea se tornaram menos frequentes, até que fossem completa ou parcialmente substituídas por tarefas mais especializadas e menos estressantes . As mulheres, por outro lado, passaram a trabalhar no campo e a exercer trabalhos pesados.

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