Ciência e Saúde

Mudanças climáticas devem agravar doenças já existentes, diz especialista

Variações extremas de temperatura causam problemas respiratórios e doenças relacionadas às condições hídricas, como a diarreia

Paloma Oliveto
postado em 18/08/2014 09:10
Rua de Manaus inundada pela cheia do Rio Negro em 2009: enchentes favorecem aumento dos casos de leptospirose

Os perigos que as mudanças climáticas representam para a saúde humana não são fáceis de enxergar. Diferentemente da clássica imagem de um urso-polar tentando se equilibrar no que restou de uma geleira do Ártico ou da fotografia aérea de um rio sugado pela seca, os impactos das variações extremas de temperatura e precipitação sobre o organismo são praticamente invisíveis: partículas poluentes sendo aspiradas, bactérias e vírus invadindo o corpo, mosquitos milimétricos depositando agentes patógenos na corrente sanguínea.

;As mudanças climáticas não causam novas doenças, elas agravam as já existentes;, esclarece o médico Ulisses Confalonieri, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas. No Brasil, enfermidades transmitidas por vetores e pela água são os principais riscos, pois, em um país tropical com 4,5 milhões de quilômetros de floresta, males como dengue e hepatites já têm impactos significativos nas estatísticas de morbidade e mortalidade. Além disso, o Sistema Nacional de Informações de Saneamento 2010 indica que 19% da população não têm acesso a água tratada e 54% carecem de coleta de esgoto, o que aumenta o risco de contaminação de fontes hídricas e, consequentemente, das doenças associadas a esse problema.

Com o crescimento populacional, o desenvolvimento urbano desordenado e a inexistência de uma vacina, a dengue é considerada uma das mais importantes doenças vetoriais que afetam o país. Uma simulação do Programa de Computação Científica da Fiocruz e da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da mesma instituição, constatou que, no Rio de Janeiro, o acréscimo de 1;C na temperatura mínima do mês pode aumentar em 45% o número de casos da doença no mês seguinte. Ao mesmo tempo, 10mm a mais de precipitação no estado farão crescer 6% a quantidade de casos de infecção nos 30 dias posteriores.



Coordenador do Observatório Clima e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da sub-rede de saúde da Rede Clima, o pesquisador Christovam Barcellos deixa o aviso: com o aumento de temperatura previsto para as próximas décadas ; na América do Sul, até 2100, o acréscimo será entre 1,7;C e 6,7;C ;, os casos de dengue crescerão em boa parte do país. ;Toda cidade acima do estado de São Paulo terá de se preparar para os surtos;, alerta. ;É automático. Um verão úmido seguido de calor leva aos surtos de dengue.;

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