Ciência e Saúde

Especialistas europeus buscam falha em satélites do sistema Galileu

Satélites ficaram em uma órbita elíptica 6.000 km abaixo do previsto

Agência France-Presse
postado em 25/08/2014 18:53
Paris - Especialistas europeus buscavam nesta segunda-feira uma explicação para um equívoco com dois satélites do sistema Galileu, que ameaça atrasar a implantação da rede de navegação europeia, destinada a competir com o GPS americano. O presidente da empresa Arianespace, encarregada do lançamento, Stephane Israel, anunciou a criação de uma comissão independente destinada a investigar o incidente, no qual os dois satélites foram colocados em órbitas erradas.

Os dois aparelhos, lançados na sexta-feira passada, faziam parte da constelação de 30 satélites que o sistema Galileu contará. Outros quatro já estão em órbita e funcionando. Anunciado inicialmente como um êxito, o lançamento não conseguiu colocar os satélites 5 e 6 do sistema na órbita circular prevista, a 23.522 km da Terra.

Os dois satélites ficaram em uma órbita elíptica 6.000 km abaixo do previsto. Os especialistas duvidam que o erro possa ser corrigido. "Se a distância fosse pequena, poderia ser corrigida, mas neste caso é realmente muito grande", disse à rádio RFI Alain Dupas, especialista do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) da França.

Pouca autonomia de movimento

Como todos os satélites de navegação e observação da Terra, são aparelhos com tamanho relativamente pequeno, de 700 kg cada um, dotados de pequenos motores e reservas de combustível com baixa capacidade. Está previsto que os motores façam pequenos ajustes de trajetória, mas não para fazer viagens espaciais ou manobras complexas como as sondas de exploração.

"As reservas de combustível não permitirão fazer os satélites subir até o nível necessário", disse Dupas. Por outro lado, "se o combustível do satélite se consumir, sua vida útil diminui". Especialistas evitaram levantar hipóteses muito precisas sobre as causas do erro. A comissão independente apresentará seus resultados preliminares na primeira quinzena de setembro.

Aparentemente, o erro aconteceu em Fregat, estágio superior do lançador russo Soyuz que os transportou. "Uma anomalia teria ocorrido durante a fase de voo do estágio superior Fregat, levando à colocação dos satélites em uma órbita que não é a correta", informou a Arianespace. A Soyuz decolou da plataforma de lançamento perto de Kourou, na Guiana Francesa, às 12H27 GMT (09h27 de Brasília) de sexta-feira, levando uma carga de 1,6 tonelada.

Depois de 3 horas e 48 minutos, o módulo superior, Fregat, separou-se dos dois satélites, mas ao contrário do anunciado anteriormente, colocou-os em uma órbita errada. Segundo o jornal Le Monde, os americanos teriam sido os primeiros a perceber a posição errada - antes, inclusive, dos europeus e dos russos -, graças ao sistema de vigilância do céu, ativado pelo Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad).



O periódico acrescentou que a anomalia poderia provocar um atraso de pelo menos seis meses no programa Galileu, que deveria começar a mandar orientações a partir de 2015. No plano financeiro, o custo do incidente seria relativamente marginal com relação ao orçamento total de 7 bilhões de euros do projeto Galileu. Cada satélite custa 40 milhões de euros e um lançamento pelo Soyuz da Guiana custa entre 65 e 70 milhões de euros.

Como faz atualmente o GPS americano utilizado por motoristas em todo o mundo, o Galileu permitirá aos usuários na Terra se orientar com precisão, calculando em cada instante a distância exata entre um ponto determinado e três dos satélites do dispositivo. Segundo os europeus, quando o sistema funcionar, ele será mais preciso que o GPS.

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