Ciência e Saúde

Pesquisador conclui que síndrome epiléptica matou 5 faraós da mesma família

Após analisar estudos e imagens de cinco faraós da 18ª dinastia egípcia, pesquisador do Reino Unido conclui que eles eram parentes e morreram precocemente

Isabela de Oliveira
postado em 28/09/2014 08:10
Por volta de 1550 a.C., Amósis sobe ao trono no Egito. O reinado do filho de Iah, deus da Lua, inaugura a regência da 18; dinastia egípcia, uma das mais bem documentadas da história. Detalhes da vida e da morte de alguns dos príncipes dessa linhagem, entretanto, compõem a coleção de mistérios da antiga cultura egípcia. Até hoje, ninguém conseguiu desvendar um enigma tão difícil quanto o da esfinge: afinal, o que provocou a morte de Tutmés IV, Amenhotep III, Aquenáton, Semencaré e Tutancâmon? O médico britânico Hutan Ashrafian parece ter a resposta. Segundo ele, os cinco reis foram vítimas de uma doença silenciosa e potencialmente fatal: a epilepsia do lobo temporal.

Clique na imagem para ampliá-laOs faraós governaram em um momento de enorme convulsão sociopolítica e cultural (Leia Três perguntas para). Diante da relevância dos reinados, arqueólogos e historiadores procuram, há mais de 150 anos, respostas para as muitas dúvidas que cercam as morte de líderes tão jovens. Ashrafian, pesquisador do Imperial College London, no Reino Unido, é um deles. Ele analisou uma extensa literatura médica para entender quais condições de saúde podem ter culminado na morte dos soberanos. Um grau incomum de representações artísticas desses rei ajudou o cientista a perceber características anatômicas curiosas, como peso e deficiências físicas.

;Nesse estudo, levanto a hipótese de que eles sofriam de uma doença hereditária que justifica a morte precoce. A descrição das visões religiosas recorrentes e a ginecomastia apoiam essa teoria. Eles podem ter sofrido de uma síndrome epiléptica familiar do lobo temporal, o que os levou à queda precoce;, resume o autor. Os resultados da pesquisa foram descritos na revista especializada Epilepsy & Behavior. Para Ashrafian, um dos indícios que corroboram a teoria são as alucinações sofridas pelos faraós. Algumas, inclusive, mudaram a história do Egito.

Uma das mais bem documentas é a Estela do Sonho de Tutmés IV. Os registros da experiência, descrita como religiosa, aparecem entre as patas da Grande Esfinge de Gizé. Após uma expedição de caça no Vale das Gazelas, o jovem príncipe adormeceu aos pés do monumento. Ao meio-dia, com o sol a pino, foi tomado por uma visão de um deus que o informou sobre a herança do trono. Ashrafian diz que, embora os faraós tenham legitimado o poder com revelações divinas, visões documentadas são raras. Por isso, podem ser consideradas patológicas.

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