Ciência e Saúde

Pesquisadores desvendam como o tétano ataca o organismo

Descoberta abre caminho para novos tratamentos, ajudará no combate a outros males neurológicos e no desenvolvimento de formas de introduzir remédios no corpo humano

Vilhena Soares
postado em 28/11/2014 06:02
Clique na imagem para ampliarMachucados provocados por objetos enferrujados ou sujos são um perigoso convite para um dos venenos mais potentes a ameaçar o corpo humano: a toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, transmissora do tétano. Por isso, quando uma pessoa se fere e há suspeita de contato com o micro-organismo, facilmente encontrado no solo, os profissionais de saúde logo recomendam uma nova dose da vacina, já que muitas pessoas não tomam o reforço, que, depois da infância, deve ser aplicado a cada 10 anos.

Essa prevenção conseguiu tornar a enfermidade rara, mas, nem por isso, ela deixou de ser um mistério para a ciência. Até agora, especialistas não sabiam como a toxina, chamada tetanospasmina, ataca o sistema nervoso de uma pessoa desprotegida, causando espasmos musculares fortíssimos que levam, em alguns casos, à paralisia. Isso faz com que não exista tratamento para quem acaba infectado, geralmente por falta de imunização adequada. A resposta para o mistério, contudo, está publicada na edição de hoje da revista Science e pode não só levar a formas de tratar o tétano como a aumentar a compreensão de outras doenças neurológicas e até servir de inspiração para novas maneiras de introduzir medicamentos no corpo humano.

;Entender como o tétano entra e é transportado para o sistema nervoso central era meu sonho de estudante e foi o que me dirigiu para a neurobiologia. Tenho trabalhado com o mecanismo de ação das toxinas e neurotoxinas de Clostridium por toda a minha vida;, conta ao Correio Giampietro Schiavo, principal autor do trabalho e professor do Instituto de Neurologia da University College London (UCL).



Para realizar esse antigo desejo, Schiavo e colegas observaram a ação da tetanospasmina nas junções neuromusculares (pontes moleculares entre músculos e o sistema nervoso) de ratos. As análises mostraram que duas proteínas, chamadas nidogen-1 e nidogen-2, eram a peça-chave que procuravam. ;A função das nidogens é envolver as células do corpo com uma membrana, que serve como proteção. Esse escudo faz com que elas se estabeleçam nas junções;, explica o autor.

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