Ciência e Saúde

Especialistas garantem que não há problema em ver o vestido de outra cor

A percepção da tonalidade depende de vários fatores, como a luz a que se está exposto e aspectos subjetivos

Paloma Oliveto
postado em 28/02/2015 09:48

A percepção da tonalidade depende de vários fatores, como a luz a que se está exposto e aspectos subjetivos

O assunto mais comentado da ciência nesta semana não tem qualquer relação com uma descoberta bombástica. Na verdade, um vestido de 50 libras (aproximadamente R$ 220) provocou uma comoção na internet como havia muito não acontecia. Tudo porque algumas pessoas enxergaram as cores da roupa como azul e preta, enquanto outras só conseguiam detectar branco e dourado. Não era uma pegadinha. De fato, uma mesma imagem publicada no Tumblr da usuária ;swiked; pode ser vista de uma forma ou de outra, muito embora a roupa seja, de fato, azul e preta.

[SAIBAMAIS]Para entender melhor o fenômeno, é preciso saber que as cores não existem do jeito como se imagina. Elas só se tornam visíveis por causa da luz. Tanto que, no escuro total, mesmo o mais berrante rosa não é perceptível. Já diante de um estímulo luminoso, dentro do olho humano, células chamadas cones e bastonetes fazem o trabalho de capturar as tonalidades. Enquanto as primeiras são especializadas nas cores propriamente ditas, as segundas trabalham mais com a visão noturna, detectando os tons branco, cinza e preto.

Os olhos, contudo, apenas captam as cores. Quem as ;enxerga;, na realidade, é o cérebro, que interpreta os sinais colhidos pelas células fotorreceptoras, localizadas na retina. Essa percepção depende de muitas variáveis: o tipo de luz a que se está exposto, o funcionamento das células e a interpretação pessoal. ;O cérebro de cada um é de uma forma. Quando se trata de percepção de cor, tudo é subjetivo;, afirma o oftalmologista Mario Jampaulo, do Hospital dos Olhos de Brasília (HOB).

Além de interpretar os sinais luminosos, o cérebro tem outra importante tarefa na distinção das cores. A luz externa, para a qual o olho humano foi desenhado, varia ao longo do dia. Está mais tênue no início da manhã, ganha força em seguida, depois volta a esmaecer. Não é difícil imaginar a confusão que seria caso não existisse nenhum mecanismo de ajuste: ao ar livre, a cada hora do dia veríamos as coisas com uma cor diferente. Para isso não acontecer, o cérebro realiza ajustes, tentando manter as colorações o mais próximo possível do real. Trata-se de um fenômeno chamado constância de cor.

O oftalmologista Mario Jampaulo destaca que, no contexto específico da foto, indivíduos cujos cones são mais estimulados que os bastonetes tenderão a enxergar branco e dourado ; as enquetes feitas na internet mostram que 75% das pessoas acharam que essa era a cor do vestido. E, embora as tonalidades reais sejam outras, o médico esclarece que, do ponto de vista das células fotorreceptoras, não há nada de errado com quem não conseguiu enxergar azul e preto na roupa. ;Todos estão saudáveis. Essas variações só dependem do estímulo luminoso e da sensibilidade de cada um;, garante o oftalmologista, que enxerga o vestido como sendo branco e dourado.

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