Ciência e Saúde

Aumento da umidade ameaça preservação de múmias milenares do Chile

Segundo estudo da Universidade de Harvard, clima na última década provoca a deterioração de corpos que se mantiveram conservados por 7 mil anos

postado em 10/03/2015 06:20

Uma das múmias Chinchorro: antigos sul-americanos preparavam corpos muito antes de os egípcios desenvolverem suas técnicas de preservação

Dois mil anos antes de o Egito começar a imortalizar faraós e altos funcionários do governo, um povo simples sul-americano já protegia seus mortos da decomposição com sofisticadas técnicas de mumificação. Para os Chinchorro, caçadores-coletores que viviam na costa da região onde hoje ficam Chile e Peru, todos mereciam que seus corpos fossem incorruptíveis. Mesmo fetos natimortos recebiam o elaborado tratamento pós-morte. Mas o que ficou intacto por mais de 7 mil anos, agora, corre risco de desaparecer. Culpa das mudanças climáticas, que estão destruindo as múmias até hoje bem-preservadas.

Na última década, os corpos mumificados, que datam de 5050 a.C., começaram a se deteriorar rapidamente. Há quase 120 deles na coleção da Universidade de Tarapacá, no Museu Arqueológico de Arica, no Chile. Foi lá que os cientistas observaram uma degradação acentuada e a um ritmo alarmante. Em alguns casos, espécimes estavam simplesmente se transformando em lodo negro. ;Nos últimos 10 anos, o processo acelerou;, conta Marcela Sepulveda, professora de arqueologia e pesquisadora do Laboratório de Análise Arqueométrica da universidade. ;É muito importante ter mais informações sobre as causas disso e apontar para a universidade e o governo o que é necessário fazer para preservar as múmias Chinchorro para o futuro.;

Para ajudar a descobrir o que está destruindo as múmias, Sepulveda chamou especialistas da Europa e da América do Norte, incluindo Ralph Mitchell, professor de ciências aplicadas e engenharia da Universidade de Harvard. Ele tem usado seu conhecimento em microbiologia ambiental para encontrar os culpados por danos detectados em peças como manuscritos históricos, paredes da tumba do rei Tutancâmon e até roupas espaciais do projeto Apollo, que levou o homem à Lua. ;Sabíamos que as múmias estavam se degradando, mas ninguém entendia o motivo. Esse tipo de degradação nunca havia sido estudado. Queríamos responder duas questões: o que estava causando isso e o que poderíamos fazer para prevenir futuros danos;, explica Mitchell.

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