Ciência e Saúde

Mulheres que retiraram seio contam sobre a espera da cirurgia reparadora

Especialistas alertam para prejuízos psicossociais quando o procedimento não é realizado

Valéria Mendes
postado em 04/05/2015 06:01
Especialistas alertam para prejuízos psicossociais quando o procedimento não é realizadoBelo Horizonte ; A faxineira Alaíde Figueiredo Moreira, 58 anos, e a cozinheira aposentada Geralda Conceição de Souza, 60, esperam o dia em que o retrato refletido no espelho colocará um ponto final na história do diagnóstico de câncer de mama. Mesmo com os avanços da medicina e as abordagens cada vez mais personalizadas, o tratamento do tumor é de grande impacto e não altera apenas a imagem, mas interfere na sexualidade, na qualidade de vida e na autoestima das mulheres. Para a superação da doença, as cicatrizes, tanto físicas quanto emocionais, precisam ficar para trás.
;Desde a cirurgia, nunca mais coloquei um decote. Tem momentos em que ainda me envergonho e me sinto triste, mas que seja feita a vontade de Deus;, afirma Alaíde, que está há dois anos e meio na fila para reconstrução do seio esquerdo. Geralda, que vive a expectativa da cirurgia há um ano e quatro meses, completa: ;Gosto muito de praia e clube, mas não posso ir. Se eu coloco maiô, mesmo com o enchimento, fica visível. A gente se olha no espelho e sente aquele vazio;, diz.

[SAIBAMAIS]Alaíde e Geralda fazem parte das estatísticas de mulheres que aguardam pela reconstituição dos seios, apesar de a legislação brasileira dar a elas esse direito. A Lei N; 12.802 entrou em vigor há dois anos e garante acesso via Sistema Único de Saúde (SUS) à cirurgia plástica reparadora em mulheres que retiraram a mama em razão do câncer. Em 25 de abril de 2013, pacientes que acabavam de receber o diagnóstico, quem já estava em tratamento e, principalmente, mulheres que já tinham sido mutiladas pela doença e esperavam na fila pelo procedimento se encheram de esperança. Na grande maioria dos casos, em vão.

Dados da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) mostram que, das brasileiras que passam pela cirurgia de retirada da mama, apenas 10% conseguem a reconstrução imediata do seio. Apesar de o dado ser anterior à lei e de ter havido aumento de 16% nas cirurgias de reconstrução mamária entre 2013 e 2014, especialistas e pacientes reafirmam que a realidade no país está longe do que a legislação prevê.

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