Ciência e Saúde

Estudo mostra que consumo de café adia sintomas da esclerose múltipla

Os autores acreditam que o trabalho possa ajudar a criar estratégias de prevenção à doença autoimune, cuja causa ainda não foi completamente esclarecida

Vilhena Soares
postado em 05/05/2015 06:20

O popular cafezinho: indícios de que seis xícaras por dia retardaram efeitos da esclerose múltipla

Aquela dose diária de café, que muita gente não dispensa, pode não só ajudar a despertar, como proteger de problemas neurológicos graves, como a esclerose múltipla. É o que sugere um estudo apresentado durante a Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, no mês passado, nos Estados Unidos. Os autores acreditam que o trabalho possa ajudar a criar estratégias de prevenção à doença autoimune, cuja causa ainda não foi completamente esclarecida.

Os cientistas chegaram à conclusão depois de analisar dois amplos estudos: um sueco, com 1.629 pessoas que sofriam com a esclerose múltipla e 2.807 saudáveis; e outro norte-americano, com 1.159 pacientes com a doença e 1.172 pessoas saudáveis. Nos dois trabalhos, havia dados sobre a quantidade de café consumida pelos participantes.

Após levar em conta fatores como idade, sexo, tabagismo, índice de massa corporal e hábitos de exposição ao sol, os especialistas perceberam que o consumo de pelo menos seis xícaras de café por dia tinha contribuído para retardar por ao menos um ano o surgimento dos sintomas naqueles que desenvolveram a esclerose múltipla. A equipe de pesquisa acredita que isso se deve à ação da cafeína. ;A substância pode afetar células do sistema imunológico que estão no cérebro e também pode afetar outras funções de imunidade;, especula Ellen Mowry, coautora da nova análise e pesquisadora da Johns Hopkins University School of Medicine.

Para Elizabeth Regina Comini Frota, coordenadora do Departamento Científico de Neuroimunologia da Associação Brasileira de Neurologia (ABN), os resultados podem ter relação com a ação anti-inflamatória da bebida. ;A cafeína presente no café parece ter a ação de uma proteína que não permite a entrada de células inflamatórias no sistema nervoso central. Na esclerose múltipla, é justamente isso que acontece: células de defesa são ativadas erroneamente contra proteínas do próprio sistema nervoso da pessoa, produzindo lesões;, avalia a especialista, que não participou do estudo.

Júlia Carolina Batista, neurologista do Hospital Santa Luzia, também segue raciocínio semelhante. ;Hoje, sabemos que as doenças neurodegenerativas são causadas por inflamações. Qualquer instrumento que tenha a ação de desinflamar pode, sim, proteger de problemas como a esclerose múltipla;, destaca. No entanto, Elizabeth Frota destaca a necessidade de mais informações. ;Esse trabalho é retrospectivo. Seria necessário um estudo prospectivo ou seja, observando e seguindo as pessoas daqui para a frente;, complementa.

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