Ciência e Saúde

Cientistas transformam organismos do intestino em sensores vivos de cancros

O novo teste de urina também apresentou resultados promissores para detectar o diabetes

Paloma Oliveto
postado em 28/05/2015 06:08

Uma bactéria que coloniza naturalmente o organismo humano poderá ajudar os médicos a diagnosticar diabetes e câncer em uma simples amostra de urina. Dois artigos independentes publicados na edição de hoje da revista Science Translational Medicine descreveram uma técnica de bioengenharia que detectou, com alto índice de precisão e de forma não invasiva, níveis anormais de glicose ; o indicativo da doença metabólica ; e presença de células tumorais metastáticas. Para tanto, os cientistas contaram com a ajuda da E. coli, um grupo probiótico que habita o intestino.


Abundante no corpo humano e de todos os animais endotérmicos (de sangue quente), a maior parte das cepas de E. coli são inofensivas, incluindo as usadas nos testes científicos. Além disso, ela é fácil de cultivar em laboratório: alimenta-se de praticamente qualquer fonte, não precisa de oxigênio para sobreviver e cresce muito rapidamente. Desde a década de 1970, o micro-organismo é utilizado na engenharia genética e, como seu DNA foi totalmente sequenciado, se tornou a escolha número um dos cientistas na hora de desenvolver produtos biotecnológicos, aqueles que usam organismos vivos.

;Hoje, podemos programar essas bactérias como programamos computadores;, diz o biólogo sintético Tal Danino, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e principal autor do artigo sobre a detecção de câncer de fígado com E. coli modificadas. O cientista conta que uma das características mais surpreendentes desses micro-organismos é que eles podem crescer naturalmente dentro de tumores malignos. ;Isso acontece porque os tumores típicos são áreas a que o sistema imune não tem acesso. Então, a bactéria os usa como um ambiente seguro;, diz.

No laboratório de Danino, a equipe de pesquisadores constatou que, quando ratos desenvolvidos para ter câncer de fígado eram alimentados com essas bactérias, elas se instalavam no tumor do órgão doente. ;Percebemos que a forma mais conveniente de destacar a presença dos probióticos e, consequentemente, dos tumores, era fazer com que essas bactérias produzissem um sinal detectável na urina;, explica. Para isso, os pesquisadores programaram os micro-organismos de forma a fabricar uma molécula que muda de cor na presença de câncer metastático no fígado.

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