Ciência e Saúde

Estudo sugere que a testosterona ajuda pacientes com ansiedade social

Os cientistas acreditam que a substância tenha efeito sobre a amígdala %u2014 estrutura cerebral fortemente relacionada às emoções

Vilhena Soares
postado em 13/06/2015 07:50

O hormônio mais característico do sexo masculino pode ser uma esperança para o tratamento de problemas psiquiátricos como o transtorno de ansiedade. Em um experimento com realidade virtual, pesquisadores observaram que uma dose de testosterona ajudou a reduzir sintomas ligados à fobia social em mulheres. Os cientistas acreditam que a substância tenha efeito sobre a amígdala ; estrutura cerebral fortemente relacionada às emoções. Os autores do trabalho, publicado na revista especializada Science Advances, acreditam que os resultados apontam para novas possibilidades de terapia.

Os cientistas se basearam em estudos anteriores que haviam ligado certos níveis de testosterona com comportamentos antissociais. ;Pacientes com transtorno de ansiedade social, que costumam evitar atividades em grupo, têm uma forte tendência a evitar rostos irritados. Pesquisas detectaram níveis baixos do hormônio em situações que esse tipo de comportamento era manifestado;, explica ao Correio Karin Roelofs, uma das autoras do trabalho e professora de psicopatologia experimental no Instituto de Ciência Comportamental, na Holanda. ;Nós nos perguntamos a respeito dos mecanismos neurais subjacentes a esse efeito e esperávamos que a testosterona aumentasse a ativação da amígdala;, completa a autora.

Participaram do experimento 54 mulheres. Parte delas recebeu placebo e outra parte, uma dose de testosterona injetável. Após a aplicação, as voluntárias deitaram-se em um aparelho de ressonância magnética funcional para terem seus cérebros monitorados enquanto participavam dos testes. Elas usaram óculos de realidade virtual nos quais eram mostrados rostos raivosos e felizes, e, com a ajuda de um controle manual, elas podiam afastar ou aproximar essas faces.

A ressonância magnética mostrou que, nas mulheres que tinham recebido o hormônio, a amígdala cerebral ficava mais ativa quando os rostos furiosos estavam mais próximos, o que as ajudava a serem mais tolerantes a essas imagens. Dessa forma, de maneira geral, elas mantinham os rostos com expressão agressiva mais próximos de seus olhos do que as do grupo que receberam uma injeção de placebo. Nenhuma mudança foi observada com relação às faces amigáveis.

;Os resultados indicam que a amígdala, muitas vezes referida como ponto de emoção central do cérebro, é sensível à testosterona. Isso pode ser fundamental para o tratamento de pacientes com transtorno de ansiedade social;, destaca Roelofs. Como o estudo foi feito com mulheres saudáveis, os pesquisadores decidiram testar a substância em pacientes diagnosticados com o transtorno, etapa já iniciada. ;Estamos analisando os efeitos da administração de uma dose única de testosterona sobre vários tipos de comportamento que envolvem evitar algo;, completa a autora.

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