Ciência e Saúde

Cientistas usam anticorpo humano para combater dengue

Segundo os pesquisadoress, a combinação pode funcionar contra as outras três morfologias do vírus

Roberta Machado
postado em 03/07/2015 06:05

Quando uma pessoa é infectada com o vírus da dengue, a cura vem na forma de anticorpos produzidos por ela mesma. Essas moléculas feitas sob medida continuam sendo produzidas mesmo depois que o indivíduo melhora, e se encarregam de manter a doença longe para sempre. Um grupo internacional de pesquisadores investigou esse processo natural de imunização para tentar combater a febre tropical sem que o corpo tenha de passar por esse demorado processo. Em testes com ratos, foi possível observar como o anticorpo humano impede a infecção e identificar um ponto fraco no vírus. A descoberta pode ser usada como base para a criação de uma vacina e/ou de um medicamento contra a doença.

O experimento descrito hoje na edição on-line da revista Science foi feito com um anticorpo específico contra o tipo 2 da dengue ; ao todo, são quatro, todos com registros de casos no Brasil. De todas as variações do vírus, essa é a considerada mais complexa, por ter uma estrutura que muda de forma durante a invasão a um organismo. A molécula 2D22, retirada de uma pessoa que havia desenvolvido imunidade a esse tipo da doença, provou ser eficiente contra todas as morfologias do micro-organismo.

;Nós isolamos um glóbulo branco do sangue de uma pessoa que havia se tornado imune à infecção da dengue depois de uma contaminação natural. Isolamos o gene de um único sistema imune de célula que estava fazendo esse anticorpo no corpo do doador. Então, agora, podemos produzir quantidades ilimitadas do anticorpo em laboratório usando esse gene;, conta James Crowe Jr., diretor do Centro de Vacinas na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.

O anticorpo foi introduzido em ratos que haviam sido infectados com o vírus da dengue e se recuperaram da doença. Outros experimentos do tipo acabavam levando ao agravamento do estado clínico das cobaias. Alguns animais receberam a molécula antes de serem inoculados com o vírus. Esses desenvolveram um tipo de imunidade temporária e nem mesmo chegaram a ficar doentes. A maioria dos bichos que não recebeu nenhum tratamento morreu.

Graças à técnica de criomicroscopia eletrônica, os pesquisadores conseguiram congelar as amostras do anticorpo e visualizar em detalhes o mecanismo usado pela molécula para debelar o vírus. Eles viram que o 2D22 usa estruturas especializadas, como um sistema de chave-fechadura, que se conecta às proteínas presentes na superfície do vírus, evitando, assim, que ele penetre nas células e cause a infecção.

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