Ciência e Saúde

Ortopedistas da UFMG adaptam técnica para tratar artrose no pé

Pacientes ganham com tempo de recuperação menor e baixo risco de complicação

Carolina Cotta
postado em 26/08/2015 06:07

Belo Horizonte ; Pacientes com artrose ou deformidades grosseiras do hálux, como é chamado pelos médicos o dedão do pé, podem se beneficiar de uma técnica inédita desenvolvida pelo ortopedista Wagner Vieira da Fonseca com a equipe do Departamento de Cirurgia do Pé e Tornozelo do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenado por ele. Trata-se da artrodese interfalangeana por artroscopia, uma cirurgia para a fusão, por meio de parafusos, das duas falanges do hálux e indicada para quem tem desgaste da cartilagem e, por isso, sofre com dores.

Segundo Wagner Fonseca, antes do desenvolvimento da nova técnica, a única opção era a artrodese interfalangeana tradicional, uma cirurgia aberta. O novo procedimento traz uma série de benefícios ao paciente. Como é possível evitar cortes maiores para o acesso cirúrgico, por exemplo, diminuem-se os riscos de problemas de pele, necrose, infecção e trombose, entre outros. Além de menos agressiva, a recuperação é mais rápida, pois agride menos os vasos sanguíneos da região do dedo.

A nova técnica também dispensa o uso de próteses articulares, sendo opção para casos antes sem solução. Para o ortopedista, os custos também são bem mais atraentes do que recorrer a próteses. ;Basicamente, paga-se pela cirurgia e pelas lâminas de ressecção da cartilagem, que custam em torno de R$ 1 mil. Mas os convênios cobrem esses custos;, garante o especialista em cirurgia do pé e tornozelo. Outra vantagem é a duração do procedimento: apenas uma hora. A técnica não é coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas tem sido oferecida no Hospital das Clínicas da UFMG.

Inovação
A artrodese não é uma técnica nova. Segundo Rafael Vilela, ortopedista especializado em cirurgia do pé, ela consiste na fusão cirúrgica de uma articulação ; do joelho, do tornozelo, do cotovelo ou do punho. ;Qualquer região articular pode se beneficiar do procedimento. Recente é a realização da técnica por meio de artroscopia, quando microcâmeras auxiliam na limpeza da articulação;, esclarece. Só depois de retirada toda a cartilagem é possível fazer a fusão do osso com o parafuso. ;A equipe do HC é uma das pioneiras na artrodese metatarso-falangiano do hálux para tratar o joanete com artrite reumatoide associada e artroses pós-traumáticas;, completa Vilela.

Para a artrodese interfalangeana por artroscopia, entretanto, não há registros na literatura médica. Segundo Wagner Fonseca, a lógica é a mesma. A inovação está em recorrer a um aparelho, o fixador externo, que funciona como um minidistrator da articulação. ;O local tratado é muito fechado: a articulação entre as duas falanges do hálux. Não era possível entrar com material de vídeo nesse segmento. O que fiz foi recorrer a esse fixador externo, que já era usado nas artrodeses do tornozelo. Ele permitiu abrir a articulação e colocar dois pinos em cada falange. Com ele, consigo abrir o espaço articular sem precisar abrir a articulação, como na cirurgia convencional;, detalha.

Além do fixador externo, a técnica exige equipamentos específicos. A ótica usada, por exemplo, é de 2,7mm, enquanto a usada nas outras articulações chega a 4mm. Mas há no mercado óticas de até 1,9mm. A lâmina também é especial, chamada lâmina de shaver, bem menor. Para o procedimento, são feitos dois pequenos cortes, entre 1,2mm e 2mm, um para a entrada da ótica e outro para a entrada da lâmina que vai retirar a cartilagem. Apesar de a articulação se tornar fixa com a fusão das duas falanges, a pessoa não perde a função, conseguindo mexer o dedo e andar sem problemas.

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