Ciência e Saúde

Estudo mostra que queda de asteroide ajudou a exterminar dinossauros

Atividades vulcânicas intensas, provavelmente estimuladas pelo choque, também fizeram com que o planeta se tornasse inabitável para esses animais

Paloma Oliveto
postado em 02/10/2015 06:05

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Eles reinaram sobre a Terra durante mais de 130 milhões de anos. Contudo, foram varridos do planeta em um evento brutal que ainda divide a opinião dos cientistas. Para muitos, os dinossauros e o restante da fauna do Período Cretáceo foram vítimas do impacto de um asteroide que caiu onde hoje é a Península do Iucatã, no México. O episódio, ocorrido há 66 milhões de anos, deixou sua marca: a Cratera de Chicxulub. Contudo, uma corrente de geólogos e paleontólogos acredita que atividades vulcânicas estão por trás da extinção em massa, pois há evidências de que, pela mesma época, erupções iniciadas na Índia decretaram o fim não só de animais terrestres, como de muitas espécies marinhas.

Agora, cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley propõem uma abordagem que leva em consideração os dois eventos. De acordo com eles, o impacto do asteroide de fato iniciou o processo de extinção. Mas o vulcanismo intensificou a insalubridade do planeta, ao cobri-lo de poeira e fumaça tóxica, o que mudou o clima e transformou a Terra em um lugar impróprio para a vida. O trabalho foi publicado na edição desta semana da revista Science.

Para chegar a essa conclusão, a equipe liderada por Paul Renne, diretor do Centro de Geocronologia de Berkeley, foi até as Armadilhas de Deccan, um conjunto de vulcões na Índia, para fazer a datação das lavas. Utilizando uma tecnologia precisa, baseada em isótopos de argônio, Renne constatou que houve um aumento dramático da atividade vulcânica 50 mil anos antes da extinção, exatamente a mesma época em que o asteroide colidiu com a Terra.

O tempo entre os eventos pode parecer extenso, mas é preciso entender que o acidente iniciado no espaço não provocou imediatamente a morte dos animais. O processo vulcânico desencadeado com o choque ocorreu, inicialmente, apenas no interior da Terra. As fortes erupções aconteceram 50 milênios mais tarde, quando lançaram na atmosfera imensas quantidades de gás carbônico e dióxido de enxofre, provocando extremos de frio e calor.

;Podemos ter certeza de que o vulcanismo e o impacto (do asteroide) ocorreram nessa data; por isso, não é possível dizer que um ou outro foi o responsável pela matança. Ambos agiram simultaneamente;, explica Renne. Segundo ele, é possível que a colisão com a rocha espacial tenha intensificado a atividade vulcânica. Apesar de estarem ativos, os vulcões do Planalto de Deccan, aparentemente, não entrariam em erupção naquele momento, nem com a mesma intensidade. ;Nós achamos que, sem o impacto, possivelmente a destruição das erupções seria menor.;

Planeta estéril

O coautor do estudo é Mark Richards, professor de ciências planetárias e terrestres da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos primeiros cientistas a propor, na década de 1980, que o impacto do asteroide estimulou a erupção dos vulcões da Índia. ;As Armadilhas de Deccan eram um sistema vulcânico massivo que estava lá havia milhões de anos, e o impacto do asteroide ;deu uma sacudida; nessa coisa, mobilizando uma quantidade enorme de magma em um período curto de tempo. A beleza dessa teoria é que ela é muito testável, porque ela diz que você teria de ter um impacto e o início da extinção dentro de um intervalo de mais ou menos 50 mil anos, que é o tempo que levaria para o magma atingir a superfície;, explica. O resultado dos testes radioisotópicos feitos nas lavas indicou exatamente isso, lembra.

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