Ciência e Saúde

Estudo sugere que indígenas da América do Sul descendem de asiáticos

Estudo coordenado por brasileiros encontra evidências de que os povos indígenas da América do Sul descendem de duas populações asiáticas antigas, as quais chegaram ao continente com 5 mil anos de diferença

Isabela de Oliveira
postado em 26/10/2015 06:00
Criança guarani: diversidade anatômica de índios da América do Sul é uma das maiores

Há 12 mil anos, aproximadamente, o homem já ocupava toda a extensão da América, estando presente ao longo dos 15 mil quilômetros que separam o Canadá, no extremo norte, e a Terra do Fogo, nos confins sul-americanos. Essas populações deram origem às atuais comunidades indígenas americanas, e, por isso, muito acreditam que eles tinham a aparência semelhante ao nativos de hoje. Contudo, essa impressão é falsa no caso da porção do continente que fica abaixo do Equador, sugere estudo publicado na revista especializada Plos One por pesquisadores brasileiros. Segundo o artigo, os índios sul-americanos de hoje são resultado de pelo menos duas ondas migratórias vindas da Ásia em períodos diferentes, o que explica por que as tribos da América do Sul remanescentes apresentam traços tão distintos quando comparadas umas às outras ; e também aos seus ancestrais.

[SAIBAMAIS]A dúvida em saber se a aparência dos nativos modernos se assemelhava com a dos ancestrais surgiu quando, ainda no século 19, o pesquisador Peter Lund encontrou os primeiros crânios na região de Lagoa Santa, sítio arqueológico em Minas Gerais onde foram descobertos os restos mortais de Luzia, mulher que viveu no Brasil 11 mil anos atrás. Desde então, quase 100 outras ossadas foram escavadas na área. O próprio Lund reparou que os crânios encontrados tinham traços distintos dos já conhecidos ancestrais americanos.

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Crânio com cerca de 10 mil anos é escavado em Lagoa Santa (MG): anatomia bem distinta da de outros povos antigos da AméricaDesde então, o tema tem sido alvo de diversas pesquisas. ;Nós somos a mais recente geração de pesquisadores explorando o tema. Para nós, entretanto, a questão é explicar a origem dessa população tão diferente no continente;, conta Mark Hubbe, principal autor do novo estudo e professor da Universidade Estadual de Ohio (OSU, em inglês), nos Estados Unidos.

Apesar do nome estrangeiro, Hubbe é brasileiro. Fez doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e trabalhou em Lagoa Santa com Walter Neves, arqueólogo e professor da USP que batizou Luzia, e André Strauss, hoje no Departamento de Evolução Humana do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha. Strauss, que assina o artigo com Hubbe, desenvolve pesquisas sobre os rituais mortuários dos contemporâneos de Luzia. Além da OSU e do Max Planck, a USP e a Universidade Federal da Bahia participaram da pesquisa.

Comparações
Strauss explica que, ao contrário do que pode parecer, existe uma enorme variabilidade de tipos e morfologias cranianas na América do Sul. ;Alguns são muito parecidos com os de povos asiáticos, caso dos guaranis. Outros, no entanto, como os botocudos, nem tanto. O objetivo do estudo foi justamente estabelecer se essa alta variabilidade já estava presente no Holoceno Inicial;, conta o cientista.

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