Ciência e Saúde

Cientistas trabalham em tratamento de câncer monitorado pelo sangue

Testado em 171 mulheres, o exame teve a mesma eficácia que a biópsia, que é mais delicada e invasiva

Vilhena Soares
postado em 18/12/2015 06:10

Testado em 171 mulheres, o exame teve a mesma eficácia que a biópsia, que é mais delicada e invasivaUma urgência durante o tratamento de cânceres é saber se os medicamentos prescritos estão surtindo efeito. Para tornar esse monitoramento mais preciso e menos invasivo, cientistas do Reino Unido trabalham em uma técnica baseada na análise do sangue dos pacientes. O método busca detectar mutações que acusem a ineficácia dos remédios. Detalhado recentemente na revista americana Science Translational Medicine, poderá, segundo os autores, se transformar em uma ferramenta importante no combate a tumores na mama.

A aposta dos estudiosos é no PCR digital, já utilizado para ler o código genético de pequenas quantidades de DNA liberadas por tumores. Foram analisadas amostras de sangue de 171 mulheres com câncer de mama, na busca por mutações do receptor de estrogênio chamadas ESR1. De acordo com os investigadores, essas alterações denunciam a resistência no combate à doença, principalmente em mulheres tratadas com inibidores de aromatase, uma classe de agentes hormonais muito utilizada no tratamento desse carcinoma.

A análise obteve resultados positivos, com chance de acerto de 96%, mesma eficácia de métodos usuais. ;Olhar para o DNA do câncer no sangue nos permite analisar as mudanças genéticas nas células cancerosas sem a necessidade de biópsias invasivas. Nosso estudo demonstra como as chamadas biópsias líquidas podem ser usadas para rastrear o progresso do tratamento do tipo mais comum de câncer de mama;, explicou, em comunicado, Nicholas Turner, líder da equipe em oncologia molecular do Instituto de Pesquisa do Câncer em Londres e responsável pelo estudo.

[SAIBAMAIS]O exame de sangue avançado, capaz de identificar as mutações ESR1, pode ainda revelar mais informações do câncer de mama em estágio crítico. De acordo com os autores, as mutações de ESR1 foram detectadas em 6% das voluntárias tratadas com os inibidores de aromatase quando a doença não se espalhou. Por outro lado, estavam em 36% das mulheres em tratamento, mas que sofreram metástase. ;O teste poderia dar aos médicos um aviso antecipado de falha do tratamento. Como ensaios clínicos de medicamentos que têm como alvo as mutações ESR1 também têm sido desenvolvidos, o exame ajudará ainda a escolher o tratamento mais adequado para as mulheres com câncer avançado;, destaca Turner.

Eduardo Vissotto, oncologista clínico do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, explica que a multiplicação de mutações que ocorrem nos tumores é um termômetro da evolução da doença. ;O câncer de mama ocorre quando se perde o controle da reprodução do estrogênio. O tratamento consiste justamente em bloquear essa produção exagerada. Por isso a busca dessas mutações que ocorrem no DNA e a importância desse novo mecanismo. Com ele, podemos saber se o remédio consegue agir da forma correta;, avalia.

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